sábado, 17 de julho de 2010

Não importa como, apenas me chame ( III ).



Depois da primeira 'última tentativa' de Nina encontrá-lo, que acabou dando certo, ela voltou pra casa feliz, satisfeita por não ter se decepcionado com o "destino".
Preparou o café-da-manhã para seu avô, como de costume, ajeitou a casa e como já estava com a cabeça nas nuvens...aproveitou e colocou os pés também. Se deitou e dormiu um pouco antes de ir trabalhar.
Emanuel foi direto para o trabalho (ele já estava acostumado a esse tipo de acontecimento). Estava todo disposto, e alegre com o acaso (que não era tão acaso assim. Embora não assumisse, ele também saiu de casa com o intuito de encontrá-la).
Os dias passavam e lá estava ele...trabalhava, vez ou outra pensava nela, justificava pra ele mesmo coisas injustificáveis...No final de semana, mantinha sua rotina normalmente. Via os amigos, se divertia, trocava de par romântico (ou às vezes repetia, mas nessa troca-troca Nina nunca estava, nunca estava entre os seus), ...Tudo muito comum, algumas coisas admiráveis e outras aceitáveis.
Às vezes batia uma vontade repentina de vê-la. Aí ou ele ignorava essa vontade estranha e inventava motivos para não saciá-la, ou se lembrava da resposta dela quando perguntada quando poderiam se ver..."quando quiser!". Seguindo a segunda opção, ele ligava e eles se encontravam. Era tudo muito bom até que...

Do outro lado da cidade, Nina também continuava sua vida mas não 'tão normalmente'.
Continuava com suas coisas, com seus afazeres, seus trabalhos...mas com um porém, sempre pensava na hipótese daquele rapaz tão cordial lhe fazer um pouco de companhia.
Lembrava-se das coisas que aconteceram tão rapidamente, e às vezes pensava que podia não ter sido real, verdadeiro...Podia ter sido um simples devaneio.
Não que não tivesse acontecido, mas que não teria sido assim tão incrível pra ele.
Ela criava mil e uma histórias na sua cabeça pra tentar explicar o óbvio: ele sumiu.
Não, ela não morria de sofrer, apenas ficava no 'querer' não concretizado. E isso pra qualquer um é frustrante! (bom, isso é o que ela explicava pra ela mesma quando não queria assumir maiores sentimentos por alguém que 'supostamente' não se importava com ela. E às vezes funcionava. Ela acreditava nisso por algumas horas)
Quando a saudade apertava automaticamente o orgulho ia embora. Ela ligava pra ele, aí se ele não tivesse mais nada pra fazer, eles se encontravam.
Sempre que estavam juntos era muito bom até que...

Até que ela se cansou de viver de migalhas, de sobras de tempo...e parou de esperá-lo(pelo menos externamente.. Por dentro só ela sabia!).Ela continuava com tempo disponível, priorizando-o caso aparecesse...mas não estava mais disposta a se abrir. E as coisas foram mudando...
Emanuel não pensava que dava as migalhas pra ela, era apenas uma questão de agenda.(ou...falta de prioridade). E ao perceber essa mudança dela se irritou.
O que Nina não entendia era simplesmente que Emanuel gostava dela.
Ele dizia gostar, quando eles estavam juntos ela sentia que ele gostava, mas depois...o 'gostar' dava espaço à ausência contínua dele. E não dá pra entender como alguém gosta e não quer estar perto.
Nina entrava em conflito, não sabia se tentava entendê-lo ou se o que ela fazia era procurar uma justificativa para a falta de iniciativa. Temendo ser burra ao extremo, preferiu acreditar que não existia justificativa que justificasse. Era simples. Ele não sentia nada.

Eles passaram a se desentender por coisas idiotas, e isso sinaliza duas coisas: o relacionamento tinha se desgastado e precisa ser superado, e o mais interessante, eles tinham alguma coisa, tinham um relacionamento! Às avessas mas tinham. Mas mesmo depois dessa constatação, Nina viu que ela tinha apenas uma parte do relacionamento. A parte de companhia, apoio, ...ela não tinha.
Bom, de qualquer forma daquele jeito não dava pra ficar! Eles tinham que superar isso! Mas, como atualmente, nessa geração descartável é mais fácil descartar um problema do que resolvê-lo...(por isso os relacionamentos não duram tanto!porque acham que resolver um problema desgasta, cansa...É mais fácil arrumar outro(a)!)
-Olha, cansei._entregou Emanuel
-Ah! VOCÊ se cansou?
-É. Não quero mais falar sobre isso...
-Tudo bem. A gente não fala, desde que você tenha entendido e confie em mim.
-Tô indo embora.
-Assim?

E ele foi.
Nina ficou uns dias bem pensativa, tentando entender tudo aquilo. Ela tinha a mania de querer entender pra não cometer os mesmos erros novamente!
Emanuel...bom, sobre ele ...pouco se sabe. A última notícia que teve era que ele estava com outra pessoa. ( Outra? Isso sempre esteve, Nina que achava diferente e o defendia sempre que perguntavam por ele!)
Nina tentou fazer o mesmo. Mas ela não conseguia ir muito longe. Ela sempre pensava que Emanuel é que tinha que estar ali.

Mas não desistiu de prosseguir. Paulo apareceu no seu caminho. Ele era uma pessoa muito boa, homem já com seus 33 anos, trabalhava muito, muito mesmo! Mas sempre arranjava um tempinho para vê-la. A última vez ele tinha que trabalhar (em casa) e convidou-a pra fazer companhia enquanto concluía o serviço e depois ficariam juntos.
Nina se encantava com aquilo, mas não tinha tirado Emanuel do coração ainda.
"Eu acho lindo, ótimo e tal...Mas quero alguém que mexa com minhas estruturas, que me faça perder o fôlego e a cabeça!", conversava com sua amiga Carla.
-Nina, dê uma chance pra ele, pra você. Quem sabe...
-Mas...ele nunca se preocupou em como me chamar. Me chama simplesmente de Nina. É estranho isso...Mas darei chance sim. Mas...e o bebê?
-Que bebê? Você está esperando um filho de Emanuel?
-Ai Carla, eu não te contei porque eu não sei o que fazer!
-Como assim? Não sabe o que fazer? Você não vai contar para o Emanuel???
-Vou! Sou não sei quando nem como. Ele não quer me ver nem falar comigo! Eu estou com medo.
-Nina! Ele precisa saber!


(Continua...)

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