quarta-feira, 14 de julho de 2010

Não importa como, apenas me chame ( I ).





Era um final de tarde lindo, de céu rosado e o Sol corado, como se sentisse vergonha da Lua que se aproximava.

Naquela época não tinha celular, pensava-se apenas em quem se guardava no coração e não em agendas telefônicas. E quando sentia-se a falta do outro, se encontravam. Se tocavam.
E sendo assim, lá estavam eles se abraçando após um breve período que pareceu uma eternidade.
Quando ele foi dizer que...


"Cause every time I see your bubbly face, I get the tingles in a silly place". É... tocou a música "Bubbly" da Colbie. Era o toque do celular dela. Ela estava sonhando.
Realmente quando ela chegou na praia estava um final de tarde lindo, mas ela adormeceu e o Sol, que estava envergonhado, se escondeu. E quando o telefone tocou já era noite.
Quando conseguiu achar o celular dentro da bolsa já tinha parado de tocar.
Ela acordou assustada, olhando ao redor, verificando sua bolsa...e ainda deitada deu uma última olhada pra ver se alguém tinha visto seu cochilo.
Não tinha mais ninguém, aliás só um cara sentado um pouco a sua frente olhando o mar.

Era uma noite quente. Ele estava sem camisa. Sentado, apoiando as mãos atrás. E com a camisa jogada no ombro direito.
"Que linda visão!", ela sussurrou. E não estava falando do mar, nem do céu, nem da praia. Era a linda visão de um cara conversando com Deus, mas não com palavras,e sim com o coração. A visão de um cara que não temia se aquietar.
E ela pôde sentir seu coração pulsar. "Nãooo, eu não iria me apaixonar pelas costas de alguém e sem ao menos conhecê-lo!", pensou.
Ela ficou mais um tempo pra ver se tomava coragem de ir até ele. Mas a coragem não vem com o tempo, vem com uma decisão. E com covardia, pegou sua bolsa e...
-"Ei, moça!", virando pra trás, ele a chamou."Você fica linda dormindo! Devia estar tendo um sonho incrível"!
Ela olhou e sorriu meio sem graça, mas ao mesmo tempo fingiu estar à vontade e aproveitou pra se aproximar e sentou-se ao lado dele.
-Ah, obrigada! Eu estava um pouco cansada e o mar canta músicas de ninar pra mim_ justificou.
-Se eu fosse o mar cantaria músicas de ninar, mas cantaria mais ainda pra você acordar e a gente poder curtir a praia junto.[...] Desculpe. É que...,
E antes que ele tentasse justificar seu momento de 'inspiração', com um sorriso no rosto ela emendou um "- então cante! Ainda não acordei direito."
Eles se olharam.
"Achei que ela fosse achar brega e me julgaria ridículo por isso..."_ pensou ele.
Mas ela não era de julgar.
"Pra quem ouve e não sente pode até parecer brega e fora de moda o que ele disse. Mas...achei tão sincero! E tão oportuno! " _pensou ela.

Meio sem jeito com a situação, ela se levantou.
Com pressa para não deixá-la ir...ele também.
-Como posso te chamar?_ele perguntou
-Você é criativo. Me chame como achar que deve!
-Se eu fosse você, não me daria essa liberdade!
-Por que? Você não suportaria essa liberdade? Ok...Meu nome é, Nina.
-N.i.n.a. Combina com você. Na verdade tanta coisa combina com você...
-Sobre as combinações quero saber depois. Agora tenho que ir. E eu, como posso te chamar?
-Não precisa me chamar. Eu estarei sempre aqui.(disse apontando para o coração dela)
-Basta eu pensar? Mas e se eu quiser falar de você, escrever sobre você? Que nome devo usar?
-Emanuel.[...]Escrever sobre mim?! Você escreve?
-Sobre você...sim.

Despediram-se assim. Sem se tocarem fisicamente, mas sendo tocados profundamente um pelo outro.



(continua...)

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