sábado, 4 de abril de 2020

Libertador de Pássaros!

Ela sempre foi pássaro mas por algum motivo desaprendeu a voar.
Voava desde criança. Sua imaginação sempre a levou longe. Aliás, longe demais.
Ela começou a acreditar além da conta. Mas ela não sabia que tinha "conta" pra acreditar...
Ela carregava a inocência de amar.
Um dia a inocência virou peso. Riam dela. Virou motivo de acusação. Sem provas, claro, porque é assim que o mundo moderno atua. Incômodos viram crime, e aquela crença toda ofendia os descrentes.
Ela não ficou descrente, não se contaminou, mas por um tempo, teve medo de voar. Porque voar também "era ofensivo", afinal, e quem não podia voar, como fariam?
Esqueceram que cada natureza tem sua realidade, cada espécie sua força. O que não é louvável é tirar as penas de um para alcançar vôo, usar a desgraça alheia como trampolim.
Enfim...
Ela tinha um desejo ardente pra sentir o vento batendo, e o amor a fazia sentir-se assim.
Um dia um cara a amou tanto, tanto, tanto que ela conseguiu desgrudar suas asas, sentia-se pronta pra saltar novamente.
Mas ele só veio pra ser cura. Foi só um remédio pra sua dor nas asas. Ele só veio lembrá-la que sua crença e inocência de amar não estavam erradas, veio pra dizê-la que ela merecia voar alto, muito alto. Só veio lembrá-la da poesia, das músicas,... Veio trazê-la de volta à sua essência. Porém ele não iria saltar, ele não era pássaro. Era um libertador de pássaros!

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