sexta-feira, 22 de julho de 2011

A porta fechou, mas...você voa?




Aeroporto. Cheguei mais cedo, não gosto de atrasos. Naquele tédio comum da espera, olho ao redor observando o nada de tudo aquilo, a correria sem porquê das pessoas, a pressa...sempre a pressa. "Pressa de quê?", me pergunto. "De viver", me respondo. "Mas viver com pressa é justamente o contrário de viver. Quem quer abraçar o mundo acaba de mãos vazias", mais uma vez me contrario. (Bom, vocês se lembram que tenho um narrador dentro de mim, né?!Quando me pergunto e me respondo, na verdade, um é meu marrador. Aí, como se não bastasse narrar o que acontece, ele quer narrar o que não acontece, quer me questionar. Mas tudo bem, vivemos bem assim). Ele, meu narrador, prosseguiu "Ah! Há muita coisa pra ser conquistada". Aham, inclusive você. Eu?, ele perguntou. Sim, pois se pensasse como eu seria mais fácil da gente caminhar. Caminhar pra onde?, ele perguntou. Ué, pra frente. Ok, então olhe pra sua frente que ele está aí. Ele?, perguntei. Nenhuma resposta já que meu narrador é homem, e homem...vocês sabem, às vezes finge que não escuta.
"Que surpresa boa você por aqui!", eu disse ao abraçar aquele homem. "Que bom saber que você existe", ele me disse logo após me arrancar o fôlego num beijo.
O tempo parou. Ficou umas boas horas parado. Depois os minutos correram e as horas evaporaram num segundo.
Anunciaram nosso vôo. PORTÃO 2. Íamos para o mesmo lugar. Peguei minhas poucas coisas e fui em direção ao portão 2. Ele disse que ia dar uma passada no banheiro e depois ia à banca de jornais. "Ok, te espero lá então", eu disse.
Entrei, me acomodei na poltrona e nada dele aparecer. Pedi que o chamassem, anunciassem seu nome. Anunciaram. "ATENÇÃO, SR., FAVOR COMPARECER NO PORTÃO 2. ESTAMOS O AGUARDANDO. NOSSA AERONAVE JÁ VAI DECOLAR". Chamaram algumas vezes. "Desculpe-me senhora, precisamos ir", disse a aeromoça. Eu? Eu não disse nada, e incrivelmente, meu narrador também não. Geralmente, quando eu não falo, ele(narrador)fala.
Esqueci de desligar meu celular e, acredite, ele tocou. Era ele!
"Não dá mais. Esperamos mais que o normal. Insisti, mas você não apareceu".
"Eu fiquei confuso, mas estou aqui no portão 2", ele disse.
"Então vá pra sua casa porque ficar aí não vai ajudar em nada! É impossível você chegar aqui"
"Impossível?!", ele falou num tom de confiança.
"Sim. Quando estávamos em solo você podia ter corrido e nos alcançado, mas agora...não adianta correr, você só chega aqui se voar".
"Você está me desafiando?", retrucou gostando da brincadeira.
"Talvez. Você consegue voar?"
"Se você quiser..."
"Não...se VOCÊ QUISER e tiver coragem de arrebentar as correntes, você voa."
"Se eu voar, você abre a porta?"
"Voe."

3 comentários:

  1. Muito bommm, um ritmo surpreendente... dá pra voar.

    Belíssimo texto. Parabéns...

    ResponderExcluir
  2. Pela Rê eu sou capaz de voar e ainda daria cambalhotas no ar... rs

    Bjonio'ssss

    ResponderExcluir