"Dupla delícia. O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado." Mário Quintana
terça-feira, 3 de novembro de 2015
Quando amar parece a única opção.
O dia estava só começando. O Sol mostrava toda sua graça.
A praia cheia era diferente do que ela estava acostumada na companhia dele.
Ela estava bem. Parecia um dia como os outros na companhia dele: excelente, mas,...sempre com um "mas".
Estava calor. Enquanto ele foi dar uma volta pela praia, ela resolveu entrar na água tentando afogar qualquer pensamento ou sentimento que estivesse querendo nascer. Nada adiantou, pois aquele ambiente solar era não só dela, mas também o habitat dele. Ou seja, era como se aquilo tudo o carregasse na memória. Entende?!
Clara voltou pra areia, relaxou diante do Sol. Corpo quente, cabeça fria.
De volta de seu passeio, Gael a convidou para um mergulho na água. [Claro que era na água, ele não estava pronto para mergulho em pessoas].
Ele mantinha uma distância um tanto indigesta pra ela. Isso fez com que a água parecesse mais fria do que realmente estava.
-Vou voltar pra areia. A água está ficando perigosa. _disse Clara indo em direção à praia. Mas nem era só o mar, era aquela distância toda que a incomodava
- Fica. _disse ele sem maiores explicações.
Ela virou pra trás e o olhou. Foram 10 longos segundos onde o "nada" não dito gritava dentro deles.
Ele foi em direção à ela e a abraçou. Mais uma vez, ela não sabia o q fazer. Ele a deixava embaraçada. Ficaram embaraçados, abraçados por um tempo. Água fria, cabeça fervendo e o corpo...o corpo era mantido sob absoluto controle por ambos. Por uma questão de necessidade [...]
Saíram do mar e sentaram-se na beira. Um ao lado do outro.
Ela temia encostar nele, qualquer esbarrão parecia dar choque. A praia já estava bem mais vazia, como ambos apreciavam.
- Posso?_ disse ele referindo-se a sentar-se atrás dela envolvendo-a com as pernas.
- Claro. _respondeu, surpresa. Era o que ela queria: um contato que fosse! Mas, ao mesmo tempo, ela mantinha-se atenta pra não deixar nenhuma emoção a mais se manifestar. Pois ela sabia que a qualquer momento aquilo tudo que estava acontecendo ali poderia se desfazer como uma nuvem, sem aviso prévio.
O Sol cobriu o mar de dourado. Amar...parecia simples naquele momento, parecia a única opção. E que bela opção!!!!
A noite chegou e nada mudou. Continuavam ali, juntos.
O vento frio na beira-mar os unia ainda mais.
Tudo tão perfeito: a noite, a luz da lua, o barulho do mar, ninguém mais por perto, o carinho trocado.
Não faltava nada. Aliás, faltou. Faltou o beijo que ainda não chegou.
Por incrível que pareça, todo esse ambiente, toda essa intimidade, todo esse carinho foi gerado sem nenhum beijo trocado.
Pra ele, um desafio, uma brincadeira pra conhecer seus próprios limites.
Pra ela, um sonho inacabado, uma brincadeira de mau gosto.
Mas como Clara tinha mania de sempre defender o indefensável, ela ainda se lembrava daqueles dias com muita alegria. E todas as vezes que fechava os olhos e esse dia a visitava, ela conseguia sentir toda a emoção daquele momento. E ela sorria.
Ela sorria mesmo depois de ele dizer friamente que tudo aquilo não passou de um "mero interesse" em conhecer, e que não houve absolutamente nenhum tipo de sentimento ou envolvimento.
Não sei se Clara sorria por não enxergar a realidade ou se era justamente por enxergar a verdade oculta. Porque nem toda realidade é carregada de verdade.
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