"Dupla delícia. O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado." Mário Quintana
sexta-feira, 5 de julho de 2013
Nada, Nanda?
Era um dia frio. Nanda pensava, pensava...Ela queria dizer algo mas não sabia como. Ela queria falar mas não tinha pra "quem".
Aliás, até tinha....TINHA (Pretérito IMPERFEITO. A própria conjugação classificou o verbo...imperfeito)
Ela não sabia lutar (estranhamente concluiu isso). Sabia que precisava aprender a dar os golpes e não apenas defender-se. Sabia que precisava ter iniciativas claras, mas morria de medo de receber um golpe fatal.
Por um bom tempo ela teve paciência pra esperar que o outro despertasse, porque achava que lutar por alguém desfazia a magia do querer, imaginava que a pessoa tinha que estar "acordada" pra si, e assim para o amor. Mas nem sempre é assim.
Às vezes, estamos adormecidos (e dormentes, por dentro). Acostumamo-nos com o amor de alguém e não o enxergamos com aquela vida que ele tem!
Na cabeça romântica dela, tinha que ser como o último cara que apareceu na sua vida: atravessar o país pra um jantar. Apenas um jantar. Sem ela ter que pedir, falar, sacudi-lo.
Mas nem sempre é assim. Às vezes, a pessoa que nos toca está escondida. Porque é o que fazemos, às vezes. Era o que Nanda fazia.
Ela escondeu quem a tocava, ignorou o que sentia e continuou a vida.
Vivia dias legais, viagens, carinho... Mas o carinho não encontrava o fundo de seu coração, porque o fundo estava revestido do outro (escondido). E por mais que Nanda quisesse prosseguir, quando o corajoso cara, que mudava sua agenda por ela, lhe falava de algo mais sério, de eternidade....seu coração gelava. E ela não sabia se ria ou se chorava.
Porque é nessas horas que o escondido se rebate lá no fundo do coração, querendo sair do porão. Mas ela o sufocava porque era muito fora da razão.
Então, nesse dia frio, onde não há Sol pra nos distrair, ela parou.
Olhou-se no espelho e viu alguém bem dentro de seus próprios olhos. Era ele quem Nanda enxergava. Aquele que ela tanto escondeu (embora fosse óbvio pra muitos e ela falasse sempre dele) estava ali.
Ela se recusava a assumir isso (que ele ainda pulsava) e deu um jeito de sumir.
Era hora de viajar.
Viagens eram momentos importantes pra Nanda. Era onde ela se descobria em outros mundos, era onde ela se DES-cobria. Claro, algumas vezes, ela usava esses lugares pra fugir. Em vão, ela sabia, mas não custava tentar.
-Não, não é NADA."
-Nada, Nanda?
-Esse cara não pode mais morar aqui dentro! Já o expulsei diversas vezes, mas quando vejo...lá está ele!...Passaram-se anos e parece que ele fica intacto com todo amor do mundo dentro de mim..._ ela conversava consigo.
Fez as malas em poucos minutos e mudou-se de país.
Em vão, mudar de país não muda nosso mundo.
E seu mundo inteiro, com o cara que ela amava, continuava ali dentro.
Mas ela tinha esperança de que um dia seu mundo interno mudaria.
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