-Bom dia! Hoje acordei mais tranquila. O menino da boca doce, da risada macia, das palavras exatas, da precisão racional, ...Sabe esse menino?
-Hum.
-Ele morava numa mansão, mas sei lá porquê, decidiu ir morar no porão da casa, sozinho.
-Por que você não vai lá? É longe?
-Nãooo. Já fui, ofereci a casa de graça novamente, ele não quis. Por isso estou tranquila. Já fiz a oferta, já não há mais nada que eu possa fazer.
-Você está bem mesmo? Ele levou tudo?
-Levou. Levou até uma parte de mim.
-Mas pra onde ele foi?
-Ele continua morando aqui dentro, só que preferiu o porão do meu coração. Quis ficar escondido. Deixe ele lá. Talvez ele volte. Talvez.
-E agora?
-Ué...ele continua tendo a boca doce, eu só não sinto mais. As palavras continuam sendo exatas, só não as ouço mais. Sua risada deve continuar macia, eu suponho. Sua precisão racional prevaleceu, eu já não existo mais.[...]
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