"Dupla delícia. O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado." Mário Quintana
domingo, 6 de abril de 2014
Vida sem marcas ou vida marcante, você que escolhe.
Mundo estranho esse que construíram. Mundo onde uma pessoa não se revela a outra pessoa.
E quando alguém rompe essa barreira e enxerga o outro, o que foi descoberto fica em conflito. Acha bom, mas foge.
Pessoas tão inteligentes, estudam tanto pra quê? A razão da vida está em VIVER, se relacionar. E a maioria usa os estudos, o dinheiro, a tal "inteligência" para criar muros ao redor de si.
Mas é tudo tão maquiado, tudo tão bem arquitetado pelos fantasmas que nos prendem que fazemos isso sem ver. Vivemos anos com pessoas sem aprofundar, relacionamos sem nos entregarmos.
E acabamos por alimentar uma vida social sem ser social . E tudo muito bem justificado com termos até "inteligentes" (mas não honestos).
É nesse mundo que vivem Sofia e Pedro.
Pedro, um homem estudioso, disciplinado, cheio de metas, e belo como seu coração.
Sofia, uma mulher que, apesar de não saber muito das fórmulas de física ou química e não se apegar à regras gramaticais, se aprofundava em pensamentos e sentimentos. Lhe faltava disciplina, mas sobrava vontade. Cheia de sonhos.
Ser estudioso jamais será defeito, assim como ser disciplinado, ou ser cheia de sonhos. São apenas formas diferentes de se apresentar à vida. Mas qualquer coisa vira defeito quando se coloca entre você e outra pessoa; quando te faz mudar os valores sem que perceba, quando nos impede de olhar dentro do outro, olhar para o outro, e não pra você mesmo que se identifica dentro do outro.
Sofia e Pedro se conheceram, se amaram desde o primeiro instante.
Ela amava olhar pra Pedro e o enxergar por dentro. Não que ele permitisse, mas ela sempre foi atraída pela essência das pessoas, sempre gostou de olhar pra dentro.
Pedro a enxergava também, isso lhe era natural. Mas se assustou ao sentir-se nu. Essa nudez atrapalharia suas metas.Assim, escolheu o lado errado da vida. O lado da "não-vida". Desconectou-se de Sofia e ingressou na procissão do mundo, fria e indiferente.
Começou um novo relacionamento dentro dos paradigmas 'externos' . Entende?! Porque a fôrma interna, o coração dele era diferente, isso era dele, mas apesar de pertencer a ele, colocou-se de fora de si (eu sei, tá complicado).
Em muita coisa sua nova companheira lembrava Sofia (inclusive no tom de pele, cabelo, altura, gostos...). Uma substituta? Até quando? Até quando a emenda aguentaria? Até quando o disfarce (pra si) funcionaria?
Certo dia ele confessou pra Sofia: -"Você me traz calma, desperta meu lado doce, me traz de volta pra quem sou... ".
Mas acho que ele confundiu "essência" com infância, e acreditou que amadurecer era SE abandonar, mudar quem sempre foi. Claro, atitudes mudam, planos mudam, mas coração?! Não deveria....
Pena que nesse mundo a maioria perde o coração (tem seu coração adulterado) mas nem percebe, e fazê-la enxergar não é uma tarefa fácil.
E nessa mudança, preferiu se ausentar de Sofia (e de si). Ele dizia que vê-la mexia com seu coração. Pra bom entendedor de alma, isso basta pra saber que se mexia é porque o amor era genuíno.
Numa conversa com um amigo Pedro foi questionado:
-Cara, eu não te entendo. Eu sei que isso é comum de acontecer, mas não é porque seja comum que é aceitável. Entende?!
-Hã?! Do que você está falando?
-Você ainda pensa em Sofia, ainda se nega a falar com ela...
-Não viaja, cara...Tô quase me casando com outra pessoa que me faz muito bem e gosto muito.
-Legal... Mas não estou falando de gostar, estou falando de alguém que ocupa seu imaginário, suas hipóteses, seu íntimo mais profundo...onde a razão não explica.
-É verdade que eu penso em Sofia, ela tem o mesmo mundo interior que o meu e isso é uma raridade de achar...
-É, uma raridade que você está jogando fora...
-Não é isso...
-Não? O que é então?
-Ah...Suas perguntas estão me inquietando...
-Claro, estou levantando o tapete pra você ver o tanto de coisa que tem por baixo... Estou mexendo nos entulhos (bons e ruins) que encobrem seu coração...
-Eu já segui minha vida, ela seguiu a dela.
-Seguiram? O que é "seguir" a vida pra você? Cara, sentimento como esse de vocês não é fácil achar. Com certeza, surgirão outras feridas se vocês se assumirem. Sua atual companheira, o atual companheiro dela, inclusive você e Sofia vão sofrer um pouco com essa atitude (caso, tenham tal atitude de terminarem com os atuais e voltarem). É normal... Mas pense comigo, feridas cicatrizam e a vida continua, mas continuar no morno, ter uma vida sem ferida e pela metade é praticamente um aborto da plenitude da vida. Corra, sempre dá tempo de amar....
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Deveríamos sempre amar Sophia, mas Sophia é quase sempre desprezada...
ResponderExcluirDeveríamos sempre amar Sophia, mas Sophia é quase sempre desprezada...
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