"Dupla delícia. O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado." Mário Quintana
sábado, 23 de novembro de 2013
Natural...
De repente a única cidade que Ana não poderia estar, agora era sua nova residência. Ironia do destino ou desaforo do destino?!
A cidade que pra ela, inevitavelmente, respirava o nome dele, agora era sua também.
Tão perto...
Ela tinha consciência que precisava mudar, mudar a SI mesma, mas apesar dos vários dias que passavam, apesar de algumas mudanças já adquiridas...em seu coração o amor permanecia inabalável.
Há muito tempo não se viam, não tinham notícias um do outro. Pra tentarem se desvincular fingiram não se conhecer. É, é de rir uma situação dessa! É aquela situação onde sufoca-se o amor e muda-se trajetos para evitar que ele dê sinal de vida. Mas quando se encontram, não restam dúvidas. O amor existe em ambos. Talvez um mais assumido que o outro, mas os dois ficam com o coração na boca, com os olhos marejados e usando toda força possível para se controlarem e fingirem naturalidade.
Naturalidade... Natural é tudo o que flui sem esforço, é exatamente esse sentimento que está trancado no porão. Enfim,...
E cada dia ao mesmo tempo que ela desejava encontrá-lo, ela temia esse dia. Temia as grosserias, a frieza...ele era um ator e tanto na vida! Fingia até pra si! E durante as "encenações" já disse coisas terríveis que dias depois assumiu a verdade, vivendo uma contradição incrível!
Apesar de Ana se atentar sempre mais às palavras dos olhos do que as da boca, as palavras ditas machucavam.
Um dia se esbarraram no "Café" da cidade. Olharam-se, cumprimentaram-se naturalmente como dois desconhecidos. Ela pegou o seu leite no balcão e foi sentar-se numa mesa. Ele a observava. Ela fingia que não via. Ambos pegaram o celular pra distrair e evitar pensar.
De repente, ela ouve uma cadeira sendo arrastada. Era ele sentando-se na frente dela, com ela.
-Posso?
-Claro.
O silêncio tomou conta por alguns segundos. Mas ele temia que o silêncio revelasse as batidas de seu coração acelerado.
-O que faz por aqui?
-Ué, vim tomar um leite. Você sabe que eu gosto.
-Sim, eu sei. Mas eu me referia a cidade...
-Ah sim...Eu...
E antes que ela respondesse, ele viu que a boca de Ana estava suja com o chantilly e avançou um pouco mais perto quase a beijando. Por 5 segundos de instinto ele foi na direção dela para limpá-la com a língua, beijando-a.
Eles se olharam de verdade pela primeira vez.
E Ana pensava, pensava e não chegava a lugar nenhum. Aquele momento em que você não sabe se quer sair correndo por covardia ou por ter coragem! Talvez por coragem de não aguentar mais a covardia. É a coragem da fuga.
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Bommm, muito bommm...
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