segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A espera.




O convite parecia tentador pra qualquer pessoa, mas nunca me encaixei no "qualquer pessoa". Era a festa do ano, do diretor de novela...festa cheia de famosos. Esse é o problema. Gosto de artista e não de celebridade. Celebridade tem uma mania idiota de achar que é alguma coisa e que essa coisa é superior aos demais. Já com artista me sinto à vontade. A questão é que eu não estava com saco de ficar ali conversando sozinha. Sozinha sim, já que no meio daquela guerra de egos as pessoas se esquecem de se encherem com alguma coisa que faça sentido e ficam tão vazias que a gente conversa e dá eco. Não, não estou generalizando (embora me sinta tentada a fazer isso).

"Vamos, você vai gostar! Você precisa estar nesses lugares, faz parte de seu trabalho...", insistiam. Hum, acho que prefiro ficar em casa, tomar meu leite...ok, eu vou. Fui. Mas não sei, aquele dia, não sei não. Parece que eu estava esperando alguém. Talvez um príncipe que me arrancasse do meio daquele povo, me levasse pra lugar algum e ficasse ali comigo. Calmo, quieto, entregue e simples.
"Venha, vamos dançar, você foi praticamente professora de dança". Não, não fui professora de dança, mas...Ah!Deixa pra lá. Discutir com bêbado não é minha coisa preferida, mesmo que esse bêbado seja um colega. Ri, aquele riso meio cansado, me levantei e fui. Fui lá pra fora esperar. Esperar quem? Olhei o relógio e continuei me perguntando "esperar quem?". Passa um conhecido "bebe um pouco, tô te achando meio desanimada". Não, não bebo, não gosto, não quero, não beberia porque o ânimo não vem engarrafado. Calma, eu não respondi isso. Só pensei. Eu disse educadamente: "Não, obrigada. Eu estou esperando...". E olhei no celular esperando que ele tocasse. "Quem? Quer que eu chame???". Aquele "bebinho" era até educado, confesso, e eu AMO pessoas educadas. Se fosse em outra ocasião talvez eu pudesse estar esperando justamente por ele. Mas não era. A situação era aquela mesma. Ele estava bêbado (ok, alterado pela bebida), e gentilmente me perguntando se queria que eu chamasse a tal pessoa. Eu até queria. O problema é que nem eu sabia quem."Humm, pode deixar". "Então, vou ficar aqui com você". E ficou. Ficou até que chegou uma mulher e se ofereceu pra ele sem motivo, sem critério. Ofereceu-se assim como quem oferece um copo d'água.(ok, eu não tenho nada a ver com isso). E meu mais novo amiguinho, o ex-futuro-quemsabeQUEM, se despediu de mim e foi lá, educadamente, usufruir da gratuidade alheia. Normal, normal. Aliás, comum. Normal...JAMAIS!
Bom, lá fora continuei. Fora da casa (da festa), fora de tudo, inclusive fora de cogitação da vida do tal 'QUEM?'. Mas tudo bem. Tudo bem nada. Hoje não. Despedi dos amigos que tinham me levado, agradeci imensamente a experiência que me levou a ter a certeza que não tenho saco pra puxar saco de quem quer que seja. E me retirei.
Tá. O ambiente não estava tão desagradável assim. Desagradável estava meu coração, que estava inquieto e impaciente com qualquer coisa que pudesse atrasar. Atrasar minha vida e aumentar minha espera.

5 comentários:

  1. Sabe o que mais gosto nos textos que vc escreve? Vc escreve pra vc, e isso torna as coisas muito mais interessante! Parabéns, não por escrever mas por viver....

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  2. =)Thanks but...
    Escrevo pra ME acordar..rs..MAS a maioria dos textos são fictícios, apesar de terem sentimentos verdadeiros.

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  3. Essa "dualidade" vc vai viver com "mais idade"...

    Procure não se machucar nesse percurso... cuide-se...

    Mas viva...

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  4. Entendo... Vivemos num mundo, onde as pessoas não se esforçam mais para viver apenas sobrevivem, e vc e eu somos um dos poucos remanescentes que ainda lutam com todas as forças para continuarmos vivos! É apenas isso que importa, e é tudo isso que me comove em vc...

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  5. Haverá aí, ainda, algum tipo de espera? Não a espera de uma determinada, única e narrada noite, mas a espera de algo maior, mais amplo, geral e irrestrito... A espera ainda está presente ou já findou? Quais as esperas lhe fazem se manter ainda viva e, em alguns sentidos, meio morta? Fala sobre isso?!?

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