"Dupla delícia. O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado." Mário Quintana
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
E minha doçura, cadê?
As mesmas árvores estavam lá, verdes, robustas, com o tronco marcado, escrito.
O mesmo bem-te-vi estava ali, em cima da pedra, olhando a menina, esperando-a falar. E a menina, que devia ser a mesma, também estava lá para a reunião de sempre. Ela, as árvores, e o bem-te-vi. Todos a olhavam, inclusive ela mesma.
O perfume da descoberta ainda estava suave.
-Às vezes tenho medo de perder a doçura, o encanto, a beleza de ver o que não é belo fazendo parte, o nada sendo arte. Não sei, não sei. Penso que a doçura pode ser indigesta para alguns, e podem me vomitar,...Preferem minha acidez. Eu não. Não me prefiro assim. Até convivo bem com ela (minha acidez) mas me sinto mais livre na doçura. Gosto mais de dar risada do que de fazer chorar. Gosto mais de fazer amar do que de inspirar desilusão.[...] Vocês não vão falar nada?
O bem-te-vi cantarolou e com sua resposta lhe arrancou um sorriso nos olhos. Ele sempre responde cantando. Coisa de quem é doce.
As árvores falaram, educadamente, uma por uma.
-"Minha menina, a essência a gente não perde. NUNCA. Você sempre terá a doçura, o amor, a calma pra oferecer, pois é isso que vem de seu Pai. É isso que foi semeado em você."
A outra emendou: -"Você acha que se tivesse perdido a inocência e leveza estaria aqui conversando com a gente? Muita gente pode achar que você é maluca por isso, mas você não liga. Isso é você."
E a terceira completou: - "Experimente tirar essa capa grossa que você tem usado. Essa capa não combina com você. Pode até estar na moda ser estúpida e grossa e coisas do gênero, mas não tem nada a ver com você. Não precisa esconder as marcas que você traz, elas não são motivos de vergonha, são motivo de VIDA. Sinal de que você tem história. [...]Agora, levante-se e se olhe no lago."
O bem-te-vi retirou-lhe a capa e a menina foi. O lago sorria e como num espelho, a menina retribuiu. Ela se viu. O Céu que assistia a tudo chorou, o vento como sempre a secou. Sim, ela se viu. E assim, doce como sempre, ela seguiu.
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Maravilhoso!
ResponderExcluirConcordo Moyses...
ResponderExcluirExcelente!!!!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirEncantador. Um ritmo que flui naturalmente... Tal qual nascente, córrego, ribeirão, rio, mar, nuvens, solo, nascente... Siga assim? Sempre?
ResponderExcluirLindo, lindo, lindo,... e lindo !!!
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