terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

O Último dia.

Talvez você nunca a entenda, e está tudo bem. Algumas pessoas ultrapassam o entendimento mesmo. Agem e pensam muito fora da caixa.
Luna era assim, muito querida por todos, mas pouco compreendida.
A verdade, é que mesmo com essa claridade toda que ela tinha, também tinha seus pontos de "mistério", de sombra.
Pra ela era estranha essa falta de compreensão, ela era tão clara! E quanto aos pontos de sombra, era completamente natural. Nem tudo tem que ser visto e entendido por todos. Ela guardava esses pontos para os ousados, para os íntimos, para os verdadeiros.
Enfim, ...
Mas não estou aqui pra só falar dela, afinal, toda história de amor precisa do outro lado, da outra pessoa. É aí que entra Antônio, como o próprio nome diz "homem de valor inestimável".

Uau, como Luna tentou racionalizar as emoções que afloraram por ele no meio da caminhada. Mas no último dia, o dia de despedida, ele resolveu ser gentil.
Não que não tenha sido nos outros dias, mas esse dia ele foi menos armado, mais amável, mais livre.
"Último dia?", você deve estar se perguntando.
É, assim ele escolheu, aquele seria o último dia. Ela já havia o esperado demais, eles já tinham tido outras conversas como aquela, e ele sabia que MAIS UMA conversa dessa "bateria o martelo" sobre a decisão tomada.
Luna, foi ao encontro dele sem saber o teor da conversa. Foi livre, desarmada, sem expectativa. Contou os últimos acontecimentos (sem riqueza de detalhes). Ela evitava se aprofundar muito quando falava de si para ele, pois Antônio desaparecia de tempos em tempos. 
[E, convenhamos, não dá pra falar da vida, aprofundar na entrega se a pessoa não é constante, né?! É como entregar um pedaço de si para um passante na rua. Somos muito preciosos para abrirmos nossa alma pra quem não permanece ou não pretende permanecer.]

Naquele dia, ele a ouviu até ela exaurir o assunto e mudou o rumo da conversa. Luna o ouvia atentamente. Simplesmente ouvia. Não estava pensando em o quê responder nem qualquer outra coisa. Ela estava completamente presente OUVINDO-O.
E cada palavra que ele falava, por mais gentil e doce que ele estivesse sendo naquele dia, Luna se distanciava. E ele falou : "vou namorar uma pessoa..."
Luna não tinha mais reação, não havia mais nada a ser dito por ela, ou feito. Ela simplesmente se despediu. 
Mas apesar de tudo, do desfecho desconfortável pra ela, ela sentia-se bem. Sentia-se livre! Fez o que pode, foi até o fim, obedeceu a Deus até onde lhe cabia. E mais, naquele dia, no último dia, ele foi mais gentil, bom ouvinte (sem julga-la) como ela imaginava que ele era. Das outras vezes, talvez ele apenas estivesse mais armado, e armaduras costumam confundir quem vê.
Ela ficou feliz em saber que não tinha errado sobre o coração dele. Sim, ele tem um bom coração.
E Luna seguiu com o coração leve, mente tranquila. Não o aguardava mais, MAS o guardava com carinho no coração.

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