"Dupla delícia. O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado." Mário Quintana
quinta-feira, 31 de março de 2016
Porque Clara queria voar!
Parecia um dia como outro qualquer. E justamente por isso, Clara deixou a defesa em casa, abaixou a guarda.
E nesse dia qualquer, Clara conheceu um cara. Um cara que desafiou o olhar dela.
Ela, que sempre teve facilidade de ver a alma, a dele era completamente trancada. Ela não conseguia distinguir.
Ao mesmo tempo que parecia educado, tinha algumas atitudes estranhas.
Ao mesmo tempo que dizia não se importar com status, sempre que ele mencionava alguém "categorizava a pessoa" pela "conquista" (diploma, curso,...dono de empresa...).
Ele parecia ter um coração bom (isso sempre a atraiu), mas ela não conseguia ter certeza, pois uma certa "dureza" o acompanhava.
Uma incoerência estranha pairava sobre ele toda vez que ela o olhava. Talvez fosse só impressão dela, só uma leitura equivocada.
Mas Clara sempre teve a mania de acreditar no lado bom. O problema é quando esse lado não existia...Aí, ela inventava. Achava que sua fé criaria tal virtude na pessoa. [coisa de quem tem alma de criança]
Mas falando dele...Ele tinha, sim, inúmeras virtudes. Mas Clara o conheceu no "particular". Era sempre só ele e ela num ambiente e isso tornava tudo especial (na cabeça dela!).
Meses depois eles se reencontraram, dessa vez com mais gente.
De repente, ela percebeu que toda aquela "coisa especial" não existiu. Era apenas um galanteio de praxe. O que ele viveu com ela, viveu com todas as outras. Ele a tratava como tratava todo mundo.
E Clara, que sempre viveu na claridade das emoções, se viu na penumbra tentando decifrar tudo aquilo.
E por causa daquele dia que ela abaixou a guarda, acabou sendo nocauteada.
-Não, ele não me enganou. Eu me enganei._dizia ela, com sua mania de defender os outros e se responsabilizar.
Ela quis conversar com ele, como sempre fez. A conversa deles era boa!
Ela queria SE expor, clarear, honrar o nome...
[Às vezes sua semelhança com seu nome era constrangedora!]
Clara tinha mania de simplificar, queria ser o mais "aberta" possível para que as pessoas não deduzissem, pra não ferir e não ser ferida. Mas, como eu já disse, claridade demais cega quem vive no escuro. E a maioria prefere o escuro.
E quando ela não conseguia ter essa conversa franca com as pessoas, ela imaginava a tal conversa, e esse diálogo interno durava horas!
Eu sei, parece loucura, mas ela precisava libertar-se e libertar o outro dos "joguinhos" e medos inconscientes e que eram tão óbvios. Ela precisava lhes contar o que ela via, mesmo que essa conversa acontecesse na imaginação!
Não que ela se achava "a certa", mas gostava de falar e ouvir o que o outro enxergava.
-Isso agrega. Me desperta. Me confronta. E com isso, posso crescer.[...] E eu sei, assim como as borboletas, eu só consigo voar se crescer e sair da escuridão do casulo. _ela se justificava.
Ela já voava, mas isso não lhe bastava. Ela queria ir mais alto, e queria que os outros também usufruíssem dessa leveza!
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