sábado, 1 de junho de 2019

A verdade dela gritava à noite.

À noite sempre doía mais.
Talvez porque no apagar das luzes, os sentimentos acendiam.
Já há algum tempo que ela passava as noites inteiras dormindo. (é que pra ela isso não foi comum por um tempo)
E na lucidez da noite, assumia que preferia quando passava as noites em claro.

Nenhuma ligação no fim de noite pra falar de assuntos aleatórios, pra ouvir alguém que ela podia aprender, que podia falar dos mais diversos assuntos e profundidades. E que podia, inclusive, não falar nada, apenas olhá-lo. Isso era suficiente.
É, parece suficiência de quem ama. Talvez seja. ["Talvez?!"]
Nenhuma história mais.
Nada de ficar calada olhando a tela do notebook. Não tinha mais a imagem dele quase dormindo, relaxado, vulnerável. Essa era a melhor hora, quando as defesas caíam.
O notebook ficou vazio, perdeu a graça.
O celular perdeu a função de comunicar, virou passatempo para não pensar, pra vontade não pesar.

Por mais que tentasse, seus olhos a denunciava. Sim, ela o procurava. Entre as memórias, em pessoas...
Tinha dia que a falta a enchia e ela ficava completamente cheia do que poderia ter sido, do que poderia ser...
Em silêncio, ela chorava. Ninguém via. Ninguém sabia. 
Afinal, ela é tão forte. Mas não tinha a ver com força, tinha a ver com ser de verdade. E essa era sua maior força.
Nada podia ser dito. Iriam julgá-la. Uma vírgula que fosse, diriam qualquer coisa sem sentido, sem senti-la.
Ninguém a entenderia. Nem mesmo ele.
Ele tinha um significado inusitado pra ela. Ele simplesmente significava.
E assim ela o amava em segredo.
Parecia não ter motivos, mas ela o amava. Demorou pra admitir isso pra si, mas ela o amava. E mesmo em meio a tantos acontecimentos, ela o admirava. 
Admirava sua busca pela melhora, sua busca por conhecimento, por mudança. Mas sabemos, algumas mudanças são lentas para que o fruto se manifeste. Ela até aguardaria pacientemente ao lado dele, desde que ele estivesse ao lado dela de verdade.

Nos últimos dias, ela anda mais cansada.
Era pesado demais guardar um sentimento tão grande em segredo.
Não poder expressar-se para ele era tão desgastante!
Então, nesses dias, onde estava mais cansada, ela dormia abraçada à memória, às boas lembranças.
Ela quase o sentia abraçando-a antes de dormir. Perto. Bem perto.
Talvez ativar a memória não fosse a solução mais saudável, mas era a que ela conseguia no momento.
E com a respiração ofegante e lágrimas nos olhos, ela dormia. Desejando que o outro dia se apressasse e isso tudo passasse.


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