"Dupla delícia. O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado." Mário Quintana
sexta-feira, 3 de outubro de 2014
Privilégio.
Sete anos haviam se passado. Parecia tempo demais. Na verdade, é tempo demais.
Muita coisa aconteceu. Liz cresceu.
Não que ela fosse pequena, mas mesmo quando somos adultos, o crescimento não para. Pelo menos, não deveria.
Como todo mundo, em algumas fases de seu crescimento ela confundiu crescer com endurecer. É, porque na hora da dor, ao invés de lavarmos a ferida para que cicatrize, colocamos um escudo, uma casca por cima.
Pode até adiantar, aliviar a dor daquele momento, mas não cura.
Mas Liz tinha uma coisa boa, sabia reconhecer seus defeitos, seus erros, e quando os reconhecia tratava de mudar logo.
Vocês sabem, algumas mudanças são rápidas, outras mexem na estrutura e demoram mais um pouco.
Sete anos se passaram, mas Juan parecia o mesmo. Talvez um pouco mais duro ou com uma armadura mais convincente, não sei.
Juan e Liz tinham vivido uma bela história há 7 anos. Um amor natural, sem ter que passar por aquele momento de "aprendi a gostar dela e hoje estamos muito bem, obrigado".
Era Amor e ponto.
Porque Amor a gente não questiona, não tem motivos lógicos, não é devido a acertos e erros. Até porque o amor perdoa quantas vezes forem necessárias, então os erros e acertos não influenciam tanto (favor não confundir com "ser trouxa").
Hoje, Liz conhecia bem mais defeitos de Juan, mesmo que estivessem longe há tanto tempo. A distância facilita enxergar certas coisas.
Ele tinha inúmeras virtudes também, claro, mas os defeitos maltrataram o coração de Liz. Ela o condenou por dentro por um tempo. Ficou perplexa, sem rumo. Ela não tapava o sol com a peneira. Gritou cada dor.
Mas ela tinha um defeito, qualidade ...sei lá, ela tinha aprendido a amar.
E mesmo depois de tudo, de toda descoberta, de toda dor coberta, de toda agonia vivida, ela o perdoou. Ela SE perdoou, porque os outros só enganam a gente porque permitimos.
Juan não havia pedido "perdão", mas Liz conhecia aquele coração, não podia ser maldade não!
E ela também tinha um monte de defeitos, cometia erros.
Pros defeitos, há conserto; pros erros, perdão e transformação.
Porque enquanto o perdão não superar os defeitos, não é amor verdadeiro, é desejo, carinho, vontade de ter companhia...
Nossa forma de amar ainda precisa se aperfeiçoar muito. Na verdade, acredito que poucos REALMENTE tenham experimentado o AMOR.
O Amor é muito mais simples do que pensamos e, ao mesmo tempo, muito mais profundo.
Ela o amaria pelo resto da vida, porque amor é assim, pra sempre.
Mas se vão ficar juntos?! Isso não depende apenas do amor, infelizmente. Depende da coragem de ambos. Depende de fecharem os olhos e darem as mãos.
Porque isso é AMAR: fechar os olhos para os obstáculos, não ver o próximo passo, mas permanecer de mãos dadas. Porque uma mão sustenta a outra, ajuda a outra, confronta a outra, guia a outra, conforta a outra.
Agora Liz sabe que é amor o que ela encontrou e isso a torna privilegiada.
Tanta gente dorme junto, mora junto, vive anos junto com alguém mas não conhece esse amor.
Dizem que amam, procuram esse amor em cada romance mas não passa de sentimento inventado.
Juan vai ter esse amor de Liz pra sempre, é dele.
Liz aprendeu que amar não é fardo, é graça.
Pode ser que descubra um novo amor, já que agora ela reconhece suas características, e junto com esse novo amor ela viva uma história terminada em "reticências".
O futuro já não importa mais. Liz estava em paz.
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