"Dupla delícia. O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado." Mário Quintana
domingo, 27 de julho de 2014
Tempos modernos e o ceticismo no amor.
Um amigo, noivo, com data marcada pra se casar combina um almoço para atualizarmos informações e, claro, pra ter um choque de realidade. Afinal, ele sabe que minhas perguntas não são feitas por educação, são feitas com a intenção de ir além, de conhecer, de pensar, de amar-se.
Conversa vai, conversa vem.
-E aí, animado com o casório?
-Sim, sim, começo do ano que vem.
-Que coisa boa! E você a ama?
-(depois de um breve silêncio) A gente se respeita muito, se gosta, é uma boa companhia...
-Humm... (silêncio)
-O que você está me olhando?
-Nada. Só esperando a resposta da pergunta que eu fiz.
-É muito bom, a gente se parece bastante.
-Te fiz uma pergunta tão simples. "Vocês se parecem muito"...rs...cuidado, você pode estar gostando apenas do seu reflexo e não dela.
-Por que diz isso?
-Porque sua resposta me deu margem pra pensar nisso. Você gosta dela, a respeita, é uma boa companhia porque vcs se parecem muito. Isso pode ser apenas um amor-próprio projetado. Mas não estou afirmando, apenas te fazendo pensar. Casamento é coisa séria e não deve ser feito simplesmente porque está na hora de vc ter uma família.
-Hum. Mas eu gosto dela!
-Que bom, ue!rs...Mas não a ama.
-Cheguei a conclusão de que não existe esse amor que a gente vê nos filmes. Existe a união de duas pessoas que se gostam, se respeitam e querem caminhar juntas.
-Entendi.
-Entendeu o quê?
-Entendi que você se tornou uma pessoa cética no amor. Apesar de ser romântico quando age de maneira espontânea. Esperava mais de você, hein?!rs...
Eu também acredito na união de duas pessoas que se respeitam e tal, mas acima disso deve existir o amor. Aliás, o amor já engloba tudo isso que me falou, mas ainda tem o adicional do coração.
-É, pode ser. Pode ser que eu tenha me tornado cético no amor. Mas é mais fácil assim.
-Bom, nem vou discutir isso com você. Me dói ver que isso é muito mais comum do que eu imaginava. 80% dos meus amigos agem assim, guiados pelo medo.
-Mas quem falou de medo?!
-Quem não falou??? Ou você não acha que esse ceticismo é resultado de uma coragem absurda em amar e que em algum momento se feriu? Ou medo de perder o controle da situação? Porque quando a gente ama, de certa forma, a gente fica nas mãos do outro; porque a gente sente falta demais quando está longe, quer estar perto e mais perto... é tudo demais...
-Ahh...Mas isso de "demais" passa e vira o que falei, vira companheirismo.
-Discordo. Passa em partes. Talvez a empolgação passe mas a fome do outro não, e o companheirismo vem sempre, mas com amor é mais colorido.
-Sei lá...acho que não acredito nessas coisas. Você que vê a vida de forma romântica demais.
-Talvez porque eu tenha experimentado esse amor. E mais: vejo a vida como um Romance, sim. É claro! Há um amor absoluto entre o Autor da vida e eu. É inevitável reconhecer um amor em alguém ou não enxergar a vida através do filtro do Amor.
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