"Dupla delícia. O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado." Mário Quintana
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
Era tão bom ser leve...
Era tudo tão novo pra Paula, aquela maneira de agir, uma nova maneira de ser, uma nova postura.
Nem parecia ela.
Mas foi isso que lhe restou, por bem ou por mal.
Só lhe restou se relacionar com alguém usando a cabeça.
Tão estranho isso...
Mas Victor vencia toda barreira que ela erguia, atravessava o país para um jantar em sua companhia. Ele valorizava cada sorriso dela, cada gargalhada, cada vez em que ela o acarinhava. Ele percebeu o grande valor que ela tinha e não queria perdê-la, mesmo que isso implicasse ele aceitar certas imposições dela por um tempo.
Paula estava aprendendo aquele novo jeito de caminhar. Com os pés firmes no chão, com o olhar reto, limitado.
Um dia eles estavam deitados, abraçados, mas Paula não estava ali. Não completamente. Não inteira.
Sua mente vagava, e ela enxergava outra pessoa ali. Alguém de seu passado inventado.
Piscou os olhos repetidas vezes pra ver se voltava à realidade.
Mas ali, aconchegada nos braços de Victor, seus pensamentos estavam divididos entre dois mundos (razão e emoção), entre duas pessoas (presente e passado).
Eu sei, a maioria diria : "Passado fica no passado". Mas passado, quando vale à pena, quando rouba parte de nossos pensamentos...não passou. E por não ter passado pode vir a ser presente e futuro assim que quiserem.
E Paula se questionava: -Se eu penso na primeira pessoa (passado) de vez em quando é porque a segunda não me completou. Pois quando completa não pensamos! A questão é que, esse segunda pessoa (no caso, Victor) não me tocou o suficiente para eu esquecer do amor antigo,.... é porque tem espaço aí."
Ela sabia usar lógica nas emoções. Naquele momento em que bateu a dúvida, em que a cabeça e coração ficaram divididos, por ela acabaria tudo ali mesmo e correria atrás de quem invadia seus sonhos.
Mas ela estava aprendendo a caminhar na lógica estúpida dos adultos (que complica ao invés de simplificar, que joga ao invés de amar). Então, fechou os olhos, deixando uma lágrima escorrer e abraçou forte seu companheiro. Afinal, ela não estava com o outro pelo simples fato de que todo esse sentimento e essa dualidade (pensamentos divididos) não ser recíproca. Victor que estava imerso em seus sonhos com Paula, achou que aquele forte abraço era amor intenso. Sim, até era um carinho, mas era bem mais uma forma de Paula se segurar...
E Paula suspirou de saudade do tempo em que ela não andava com os pés no chão, ela voava. E era tão bom ser leve....
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