Minha desconfiança de que a Menina não saiba ler continua, mas é só uma desconfiança (por enquanto), pois ela continua com o olhar fixo nas folhas, percorrendo os olhos nas letras, linhas, investindo tempo...
Alguns contos antigos que ela havia lido lhe vem a mente. Um, em especial (aliás...não tem nada de especial pra ela. Mas se destaca...), sempre vem lhe fazer uma visita.
Visita incômoda.
Ela vira a página. Tenta se apegar as próximas páginas.
São histórias deliciosamente simples (assim como a vida deve ser...simples).
Quanto mais ela lê menos entende, mas sua curiosidade não lhe deixa largar o livro lá onde encontrou.
Pode até ser que ela não consiga mais lê-lo, ou não queira mais interpretar textos indecifráveis, que não querem ser lidos...Mas mesmo assim, ela não o deixaria jogado em qualquer canto da casa. Ela o guardaria no cofre do quarto. Não, não seria na estante porque livros encantados não devem ser expostos...pois nem todo mundo sabe dar o devido valor...e misturá-lo aos demais poderia sujá-lo com poeira ou coisas de livros comuns e ele poderia perder o encanto, a Verdade.
Mas...vamos parar de falar de hipóteses, pois ela ainda não terminou sua leitura, não o guardou, não o rasgou nem colocou fogo. Ele continua ali.
Não à toa, mas o Livro Encantado tinha o poder de encantar. E a menina lia, ria, chorava...se envolvia até que percebeu que se envolver com livros pode ser cruel. Pois as histórias dos capítulos podem mudar drásticamente. Pode ser que o livro seja de contos soltos, sem nenhuma ligação entre um e outro...sem nenhum envolvimento entre obra e leitor.
E esse livro parece ser assim. Não importa a ordem dos capítulos. Ele apenas coleciona histórias.
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