sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Fingir pra quem?



E quando a saudade não apertava tanto, às vezes ela tomava coragem. Estranho? Não. É que quando a saudade era forte demais ela não sabia fazer nada além de chorar. Então, quando ela tinha um pouco de controle sob seu coração que quase saía do peito, ela ligava.
Pegou o telefone, ligou.
Arrancou toda doçura da voz e perguntou:
-Se a gente não tivesse uma história.... hoje você poderia me ver? Você seria meu amigo?
-Como assim?
-Assim mesmo...
Tudo que ela desejava era a presença dele, a companhia, o toque...Tudo que ela desejava se resumia a ele. E nessa necessidade de se lambuzar daquele que ela amava em segredo, ela tentava ao menos sobreviver com o 'abraço-amigo', com a presença-ausente, ela tentava fingir pra si algo insustentável. Ela tentava fingir frieza, mas cada vez que ela fingia frieza seu coração acelerava trazendo calor e um desconforto incomum. Ela fingia descaso, mas o 'des' corria e sobrava o 'caso' no subconsciente, repetindo incansavelmente sua resposta à pergunta não feita. Caso.
Ela fingia que de vez em quando se lembrava dele. Mentira, era mentira. Ela não lembrava, pelo contrário, ela jamais o esquecia. E o procurava em cada olhar, cada abraço, cada risada...Vez ou outra o achava em pedaços. O abraço de um, a risada de outro, a musicalidade em outro, a seriedade doída em outro, e ainda a indiferença cortante em outro. Ele inteiro era impossível achar em outro. E o tempo ia passando e a racionalidade dele a empurrava para outros braços. E mesmo não querendo, ela temia dar as mãos à outro alguém. Logo as mãos que ontem eram daquele que a tem.

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