quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Nem toda "instabilidade" é ruim. Entenda.

-Às vezes você tem umas reações tão inesperadas...
-É, eu sei, eu sou diferente.
-Não, não estou dizendo isso.
-Como assim?
-O que eu causo em você? Parece que é uma mistura estranha de sentimentos...
-Você me desestabiliza.
-Desestabilizo porque mexo com você, e você está acostumado a manter-se no controle.
(silêncio)
E ela continuou:
-Diante de emoções assim temos duas opções: ou nos jogamos e voamos; ou travamos, tentando manter o controle, e perdemos "a viagem". [...] Me parece que ao invés de você associar essa "perda de controle" a algo maior, belo, livre e que pode crescer e te levar a outra dimensão...Você associa ao medo de perder o controle.  E o que era pra ser incrível se torna assustador. Você associa essa instabilidade a algo ruim, mas ESSA não é. É na vulnerabilidade que ganhamos, que somos humanos, que somos plenamente amados e amamos. Nesse caso, o que você chama de instabilidade é a vulnerabilidade necessária para que exista um relacionamento mais profundo. [...] Sabe, você também já me "assustou", hoje prefiro te achar incrível e tentar experimentar um voo com você. Mas isso só é possível se você saltar também. Seu medo te trava e me trava também.

Ele, sem saber o que dizer, não disse. Mais uma vez, não disse.
Houve silêncio de ambos por dias. Mas por dentro o barulho era ensurdecedor.
Tudo estava se mexendo dentro deles. Ela aceitou toda aquela mudança interna.
Ele?! Ele ainda tentava organizar de acordo com o que ele achava que era sensato. Tentava calar emoções mais fortes dando abertura para pequenas emoções, dando ouvido para carência e desejos que pudessem ser supridos com qualquer outra mulher.
Como isso já havia acontecido antes, a imprevisibilidade dele era previsível. O sumiço era roteirizado. 
Ela apenas aguardava o momento em que ele iria jogar fora o roteiro escrito pelo medo, e reescrever sendo guiado pela coragem da entrega do amor.

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