Tão acostumada a ser amada que estranhava ações "frias".
-Por que me trata assim?
-Assim como?
-Parece frio, distante.
-Não fale assim, esse termo "frio" tem uma má conotação.
-Ok. Perdão, mas sua ação é que sugere...
-Não é frieza. Te trato normal. Trato todo mundo da mesma forma.
-Então! Esse é o problema.
-Problema?
-Sim. Porque somos todos diferentes. Cada um tem um jeito único. Se você trata todo mundo igual, você nos faz coletivo. Faz da singularidade algo inútil, nos "massifica". E Deus nos fez tão diferentes! Você agir assim me parece que ignora os detalhes da criação, e eu sei que não ignora, mas parece.
-Desculpe, mas não era essa minha intenção.
-Tudo bem, eu sei que não, por isso estou te dando um "feedback". [...] Olha, você pode tratar todo mundo bem, mas não todo mundo da mesma forma. Por exemplo, eu te trato bem, mas não é do mesmo jeito que trato outra pessoa. Com você tenho outro grau de identificação, de intimidade física, emocional e espiritual, ... Se você trata todo mundo igual você exclui a maior riqueza do ser humano: nossa singularidade, nossa profundidade...
-É, talvez você esteja certa. TALVEZ.
Clara apenas sorriu porque ela sabia que ele não assumiria seu "erro" assim tão prontamente, assim como ela também sabia que ele poderia simplesmente dizer : "não, não é erro. É apenas MINHA singularidade".
E talvez ele estivesse certo. Talvez.
Mas será que tudo pode mesmo ser relativizado assim?
Se tudo pode ser relativizado, quando vamos assumir erros, ações precipitadas e mudar?
Se tudo é aceitável, quando iremos melhorar, amadurecer, crescer ?