"Dupla delícia. O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado." Mário Quintana
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Não há ninguém.
Hoje, ao acordar, ela saltou da cama com muita leveza. Uma leveza que não sentia há tempos.
Espreguiçou, deu "Bom Dia" à todo mundo (leia-se pássaros, Céu, SOL, Jardim...) e ao dar o primeiro passo estranhou. Estava tudo tão solto, leve.
Andando pela rua todos a olhavam, o moço do supermercado que já a conhecia perguntou o motivo de tanta alegria. A vizinha deu indiretas de que ela estaria apaixonada.
Mas não! Muito pelo contrário, não havia ninguém. E era isso que a deixava tão inteira. Ninguém havia lhe roubado o coração sem dar o pedaço dele. Ela agora tinha reconquistado seu próprio coração e ele estava inteiro!
Ela já não carregava ninguém 'em especial' dentro do coração. Achou aquilo tudo muito esquisito, ela já tinha se acostumado a carregá-lo. Não que ele fosse um peso, mas quando se carrega alguém no coração, esse alguém deve nos carregar se não o peso fica injusto e a gente além de se carregar tem que levar o outro.
Mas hoje não. Hoje estava diferente.
Ela riu procurando vestígios dele, mas quando se lembrava do passado, tudo parecia tão fantasioso, tão irreal, tão distante.
A vida tem dessas coisas, com o tempo ( e a não constância ou cuidado dos que estavam na história), as histórias de amor passam a ser de humor. As cartas apaixonadas passam a ser ridículas. O OUTRO, antes supervalorizado, passa a ser incompreendido.
E hoje ela tinha terminado a lição, aprendeu a esquecer.
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Tenho certeza que não existe melhor professor para aqueles que confiam No Pai que o tempo.... Quando fazemos do jeito certo (que é não fazer do nosso jeito)!
ResponderExcluirCreio que esse conquistar-se a si mesmo, esse ser inteiro, essa alma íntegra e satisfeita, talvez seja o princípio da felicidade...
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