sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Minha escrita: minha ponte e meu reflexo.


Escrever é minha ponte.
A minha função de construí-la desde sempre a tornou histórica.
São anos passando por ela pra sobreviver a tempestades.
São várias estações que assisti a partir dali, dessa ponte que construí.
Falo que é histórica também porque não teve função de "decoração", de enfeitar (embora enfeite), teve objetivo de me suportar quando eu não conseguia transitar por dois mundos tão distintos: o meu e o seu. Então escrever me ligou, me conectou, me fez enxergar o outro lado.
Ou o contrário? Ou será que, por enxergar o outro lado, comecei a escrever? Acho que foi isso.
Eu via além do limite da minha terra, mas o outro lado não me via. Precisei fazer a ponte para que houvesse o encontro. Porque só de ver não conseguimos conhecer, é necessário o encontro, a trombada.
E é isso que minha escrita faz, me esbarra em você. Te esbarra em mim.

Por que explico isso? Para que entenda que, muitas vezes, minhas pontuações (entre outras) fogem das regras gramaticais. Propositadamente.
É licença, meu caro, licença poética.
É que minha vírgula é meu pensamento descansando, é minha respiração.
A forma dura das regras me machuca, às vezes. Prefiro a leveza de uma reticência no lugar de um ponto final, ou uma vírgula onde não exista pausa.
A maleabilidade preserva meu estado de doçura, ainda que eu diga verdades cruas.
Minhas "desconstruções" são para expressar minha entonação, meu tom, minha velocidade ao falar.
É que eu não caibo entre parênteses nem me tranco em regras ou formas ditadas. Preciso me esparramar pra que me aches, para que EU me ache.
Meu pensamento é livre e minha escrita é apenas um reflexo disso.

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