terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Por isso.


Às vezes pra esquecer o passado é preciso também se desfazer do futuro. O futuro sonhado.
E não era nada fácil pra Liz se despedir de um sonho, pois o lúdico sempre foi seu mundo real.
Sim, o sonho era lindo, de encaixe perfeito, com todos os defeitos aceitáveis pra Liz e com qualidades comuns, mas que por ser sonho ganhavam uma outra dimensão.
Mas agora Felipe estava ali diante dela. Ele não era o sonho, mas também não era mentira, não era momentâneo (convenientemente). Era real. Foi construído, foi descoberto e estava sempre perto.
Aos poucos a imagem do sonho foi sendo borrada. Borrada pelo tempo, pela realidade, pela superficialidade.
A realidade às vezes não é tão romântica. É dura. Não te diz coisas lindas sempre, não diz que te admira pelo que é, orgulhosamente não reconhece suas virtudes (ou não as enxerga), mas tem um jeito próprio de declarar. Porque a realidade permanece. Não se vai com o primeiro vento, nem depois da primeira noite.
A realidade pensa, pesa, escolhe.

Liz já havia confiado demais em sonhos. Hoje não acreditava nem em sonhos, nem nos personagens dos sonhos. Era difícil dizer adeus. E tão difícil quanto era dar as 'boas vindas'.
E mesmo naquela realidade toda Liz sentiu-se insegura.
-Por que você quer ficar comigo? Por que você está comigo?
Felipe pensou, pensou...Usar a razão sempre foi uma característica presente nele (embora não tenha muita inteligência emocional).
Os minutos foram passando. Minutos que pareciam engoli-lo com uma pergunta tão simples.
Ela deitou em seu peito e ele ressuscitou a pergunta.
-Por isso._e abraçou-a. Porque quando estou com você, não preciso de mais nada.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Quando fecham a porta.



''Eu sei, eu já falei mais. Bem mais!
Mas o problema é que quanto mais a gente fala e tenta explicar, mais as pessoas se importam com coisas  'des-importantes', se concentram na vírgula que a gente não disse, na respiração no meio da frase. 
E como se fosse apenas uma observação de COMO a gente disse alguma coisa, afirmam suas interpretações e acabam dando um outro sentido ao que foi dito. E pior, duvidam do que você diz ou tentam completar suas frases, seus pensamentos. 
Porque de acordo com seus estudos próprios e deduções tentam te encaixar em alguma coisa pronta, lógica e de fácil leitura. É, porque é mais fácil assim. Diante de personagens já estudados podem ter reações programadas e pensadas. E perdem a espontaneidade, perdem o hoje, o agora.''

Maria pensou, pensou e acabou concluindo esse ''pensamento aberto'' acima.

Ela não se referia apenas ao Pedro. Maria falava de Pedro, falava dela mesma, de seu passado. Ela também já tinha sido assim, dessas de focar em tantos detalhes que se perdia e fazia os outros se perderem. Porque nem tudo é pensado, calculado. E quando somos questionados sobre onde está a vírgula nos perdemos. Nos perdemos de nosso presente para tentar achar explicação ao que foi dito, ao que foi ocultado. Começamos a vasculhar o passado recente, as memórias antigas, as lembranças escondidas. E com tantas perguntas e paradas para tentar responder o desnecessário, o presente passa. O futuro chega desfeito, faltando partes (a parte do presente).

Logo Pedro que parecia disposto a ensiná-la a viver o AGORA...
Logo agora que Maria vivia um dia por vez... Pedro decidiu voltar atrás. Ele queria mais. Mais que o presente. Queria garantias. E garantias Maria não podia mais dar, porque ela estava aprendendo a viver o PRESENTE. Ela não podia se trair, e voltar a sua insana preocupação com o futuro. Logo agora que estava se libertando dele (do amanhã).
Logo agora que ela estava entrando, ele fechou a porta.
Logo agora...
Agora Maria estava só com seu pensamento aberto diante de uma porta fechada.


quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Era tarde.

Era tarde. Há muito tempo esperava. Um sim. Era isso que esperava. 
Mas sabia que a realidade não era essa. Então buscou o "não" e o encontrou. Depois de tanto tempo ela achava que seria fácil ouvi-lo e dizê-lo. Não. Não era apenas um negação, era um adeus. 
Mas era tarde, tarde demais pra negar e matar um sentimento que já tinha adquirido vida própria. Um casinho, que virou um caso a ser estudado. Porque ele não merecia toda essa atenção do coração. Não porque o cara era ruim, mas porque simplesmente não quis dar chance para amá-la. E seria fácil amá-la. Pelo menos é o que diziam. Mas ele encontrou uma outra mulher e fez sua escolha. Escolha que deixou Maria sem chão. 
Já era tarde da noite e ela o esperava para colocarem o ponto final. Ela estava calma, segura, pronta. Ele estava como sempre esteve, seguro, indiferente a qualquer coisa, tanto fazia um sim como um não, nada o abalava. 
Ele disse um tanto de coisas que não eram coerentes com a pessoa íntegra que parecia ser. "Nunca gostei de você. Talvez eu só queria te conquistar porque eu ficava te observando...". E falou isso como quem fala "me passe a manteiga". Com uma naturalidade descabida nesse tipo de declaração. Porque quando se trata de coração devemos ter mais cuidado. 
 Mas era mentira, ela estava anestesiada e não calma, incrédula com o que estava acontecendo e não segura, desfeita e não pronta. Era tudo disfarce pra parecer madura o suficiente para ouvir um adeus e não chorar. Como se chorar fosse coisa de criança! Ela sabia que não era coisa de criança, mas e ele sabia? Talvez ela não tenha virado adulta, era apenas uma ex-criança. E ex-crianças crescem sim, amadurecem, mas são entregues, ingênuas. Não abandonam a criança, apenas acrescentam um "ex" na frente. 
Despediram-se e mesmo depois, sozinha, Maria não derramou uma lágrima sequer. As palavras dele fizeram-na secar. E assim ela ficou durante alguns meses. Seca. 
Maria viajou. Foi pedida em casamento por um cara do passado, um cara que ela mal tinha conhecido. Ele se declarou, falou que tinha medo de amá-la pois sabia que isso era fácil e ela não morava na mesma cidade que ele, mas que era a mulher que ele queria e que esperava muito que ela aceitasse... 
Enfim, Maria sequer o havia beijado dessa vez, eram apenas amigos. Ela estava determinada a dar chance para o coração dela, mas isso era com outra pessoa, com um cara que ela já estava se envolvendo. (Engana-se quem pensa que receber pedido de casamento é lindooo! Tá, pode até ser mas se for feito por alguém que você não ama é angustiante, dá vontade de correr, sumir... Principalmente quando a pessoa não merece um não mas o coração não entendeu. Não cedeu, não mexeu, não percebeu).  
Hoje já é tarde. Maria olha pro passado com uma certa aflição pois parece que tudo não passava de sua imaginação. Apesar de que hoje ela consegue olhar para o passado e vê-lo lá longeee, sem a mínima vontade de trazê-lo de volta. Isso já é ótimo! 
Mas Maria não consegue olhar para o futuro, está tudo embaçado. Ela não consegue fazer crescer sentimentos, ela AINDA está seca de esperança e crença nas pessoas. Mas isso é uma questão de tempo dela, e determinação e paciência de quem a amar. 
Ela sabe, é cedo, muito cedo pra desistir do amor ou dizer qualquer coisa.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Ausência justificada.

É, fazia tempo que eu não escrevia.
Não que eu não quisesse, mas porque o que era pra me fazer livre às vezes me prende.
Se escrever era minha forma de voar, por um período me colocou numa prisão. E a culpa foi minha por permitir que me perturbassem, por deixar que os outros interferissem, colocassem o dedo nas MINHAS histórias.
Uma gente que se identifica na história e se acha no direito de invadir minha arte, minha parte. Gente que não sabe a diferença entre ficção e realidade. Gente que confunde coração com racionalidade. Gente que destrói sonhos com crueldade.
"Ah, mas pense em fulano! O que ele(a) vai sentir?"
Peraí!!! Pelo menos nesse espaço aqui eu posso pensar em mim, só em mim. Posso imaginar, sonhar, acreditar, começar, terminar.
Pensar em fulano, na ciclana? Ahhhh, me poupe! E em mim, quem vai pensar? E a explosão de conto que acontece dentro de mim e precisa expressar? Quem o fará por mim? Ninguém! Porque ninguém é igual a ninguém. Ninguém sabe o que passo, o que acumulo, o que é bagaço. Ninguém sabe o que guardo ou o que amasso.
Deixei de escrever por uns dias não por falta de inspiração apenas, mas por falta de coragem, por covardia, por me sentir refém no meu próprio espaço.

Agora já deu. Continuarei expressando "meu eu"!