terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Um grande feito!

Por muito tempo Liz estava adormecida por dentro. 
A vida seguia sem muita poesia. 
Tinha história, tinha prosa, mas não tinha poesia. 
Porque a poesia...Ahhhh, a poesia! Ela ressignifica. 
Ressignifica palavras, momentos, horas. 
Horas de sono se tornam sonho. Momentos de descanso são feitos em companhia. 
Palavras sempre tão assertivas, técnicas, abrem espaço para um novo significado, para um pouco mais de leveza e doçura. 
O tempo que era escasso pra estar perto se torna abundante. 
A Geografia é questionada. 
A Física reformulada. 
A Matemática menos exata. 
O Português, insuficiente. 
 O “não” se torna “sim”. A lógica se contradiz. 
É muita mudança quando a poesia desperta dentro da gente! 
Não tem como permanecer a mesma. Isso é bom mas também assusta. E, se de repente, a poesia sumir?! Tudo voltará ser como antes ou os novos significados ficarão em branco? Haverá lacuna ou a poesia será substituída por "bula de remédio" (aquele texto sem graça!) ?
  
Liz estava despertando, mas mesmo tão segura, a imprevisibilidade da situação, o NOVO a deixava insegura. 
A incógnita possibilita que a gente dê infinitos valores à ela, é ainda sem uma "identidade", sem um nome e isso a torturava. 
O desafio de Liz agora era acabar com os ruídos da comunicação dentro de si. Calar as vozes que a diziam "ele já fez isso outras vezes e desapareceu". 
O desafio era ser, no mínimo, NEUTRA. Mas era difícil ser neutra quando ele já tinha a despertado. 
Como permanecer "neutra" quando se levanta? Não há meio termo entre estar dormindo e acordada, há? 
Talvez sonhando?! Mas sonhos não são reais, embora alguns possam ser sinais. 

E assim Liz seguia: despertada mas parada. Apenas de pé [o que já pode ser considerado um grande feito!].

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