domingo, 22 de janeiro de 2017

Quando o amor vence o medo.


À noite, quando Nina ia tirar a maquiagem pra dormir, de vez em quando, ela também tinha que tirar a "armadura".
Já faz um tempo que ela começou a usar isso. Na verdade, ela usa mais com UMA pessoa. Talvez pra proteger o coração. Talvez.
Mas é uma armadura pesada demais, requer muito esforço de Nina, visto que ela é uma pessoa espontânea.
A tal armadura? Segurar a espontaneidade, esconder a docilidade e demonstrar mais frieza. 
A grande questão é que demonstrar algo que não existe por dentro custa demais, pesa. Nina não conseguia ser fria por muito tempo, logo ela se traía. Ou melhor, traia aquela "pose toda".
Mas ela temia que confundissem docilidade com imaturidade, sensibilidade com fragilidade.
E cade vez que a emoção queria escorrer pelos olhos (seja por alegria ou tristeza), ela vestia aquela armadura. Até porque, ele também usava, e parecia que ela precisava estar vestida "a caráter" para a batalha.
E ao mesmo tempo ela pensava: "Mas não é uma batalha! É um relacionamento! Como posso usar isso? Não faz sentido! Não faz sentir..."

E mesmo quando ninguém estava olhando, ela se mantinha "dura" por fora. Mas por dentro...
Um dia ela não conseguiu mais! Desistiu de usar aquilo e, de repente, toda emoção escorreu de seus olhos. Ela não sabia o que falar, pensar, ...só estava liberando tudo aquilo que estava trancado, como se fosse proibido ou errado sentir.
Aquele : "Oi, amor, saudade de você, ... Quero cuidar de você, ..."  era substituído pelo nome próprio, e uma continuação sem sentimentalidade,.... Uma frase tão doce virava : "Oi, Gael, você está bem? Espero que sim."
Mas todas as palavras doces que ficaram no caminho, espalharam-se por dentro dela naquele dia.
Não há armadura que segure uma essência forte; mesmo que esse força seja na doçura. Uma hora a doçura se agiganta de tal forma que destrói o medo.

E depois de perceber-se, ela foi até ele para conversarem. Mas nenhuma palavra foi dita para chegarem a uma resolução prática. 
Quando ele a abraçou, ela se desfez, e já não se lembrava do roteiro programado em sua cabeça.
E o encontro culminou numa entrega maior do que qualquer palavra que pudesse ser dita.
Dias depois, Nina, sem entender o que eles estavam vivendo, o questionou: "nós não conversamos!"
E Gael, mostrando-se muito mais sensível do que parecia, respondeu: "SIM, CONVERSAMOS E MUITO. Apenas não usamos palavras."


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