segunda-feira, 23 de maio de 2016

Não se precipite, Flor. Confie.



Outra cidade. De novo.
Flor era assim, viajava pra vários mundos (internos e externos). Ela gostava disso.
E a raiz ela mantinha sempre no Alto (no Céu, em sua origem).
[A vantagem de ter raiz no Alto é que você se torna livre mas mantém a constância.]
Era um dia como outro qualquer. 
Bom, pelo menos parecia ser mais um dia comum.
Mas antes dela chegar nessa nova terra, Deus havia falado com ela.
[pois é, ela tinha um bom relacionamento com ELE]
ELE disse : "minha filha, quando chegar lá te darei três coisas." 
E  as descreveu. Ela confiou mesmo sem saber COMO tudo aconteceria.

Flor não tinha ideia de como seria nada naquela sua viagem. Agiu completamente na fé.
E nesse dia que parecia como outro qualquer, ela conheceu Gael. Ou melhor, ela o "re-conheceu" (no sentido de conhecer novamente, pois eles já tinham sido apresentados).
Deus falou com ela novamente. Dessa vez sobre ele.
Flor se esquivou e disse : "Ah Pai" , ela O chamava assim, "não sei, não. Ele me parece frio, e eu...ahhh...o Senhor me conhece! Mas o Senhor quem sabe. Qualquer coisa, 'tamo junto' "
O Pai riu. Ele gostava da espontaneidade de Flor.

Gael e Flor se aproximaram de uma forma intensa e rápida.
E nessa aproximação, algo mudou dentro dela. Brotou um interesse, admiração, ternura...
Mas Gael se esquivou. 
Então, Flor começou a duvidar do que o Pai disse antes da viagem.

Durante o tempo que ela ficou na cidade, a "segunda coisa" aconteceu.
Ela voltou a crer.
E falava consigo mesma : "Que fé é essa menina? Oscilando assim?! Ok. Mas não te condeno. Bom, no caso, como estou falando comigo mesma....não ME condeno."

Mais um tempo se passou e a "terceira coisa" aparentava se cumprir. Mas não cumpria.
E Flor, com sua lógica, pensou: "ou acontecem as três coisas, ou nenhuma foi o Pai".
A essa altura, Flor e Gael mal se falavam. Ele havia se distanciado drasticamente.
Pra Flor, mais uma prova de que o jovem não fazia parte do "pacote". Ela não se iludia mais.
Já tinha se iludido demais nessa vida. Ele tinha sido mais um gentil rapaz que....
Enfim, Flor já estava o descontruindo dentro dela. Era necessário esse processo. 
Mas apesar de tudo, algo dentro dela continuava falando sobre ele. Não era paixão. Não era emoção apenas. Era outro departamento. Algo espiritual. Mas como ela explicaria isso?
Como ele sumiu e agiu como tantos outros, ela decidiu o tratar com mais frieza. Em vão. Ela não consegue agir assim por muito tempo. É contra a natureza dela.

Nas contas de Flor, duas coisas tinham acontecido. Embora Gael não estivesse ao seu lado.
Ela disse : "Pai, se o Senhor me disse isso mesmo, eu preciso da 'terceira coisa'."
Mais um tempo se passou e nada.
"É, Pai, acho que confundi sua voz".

Chegou o dia dela ir embora. Passou muita coisa.
Descobriu-se forte mas também descobriu suas fraquezas.
Engoliu lágrimas, mas principalmente, aprendeu a liberta-las. Não havia vergonha nisso.
Fez amigos que se tornaram irmãos.
Entrou no avião feliz e ao mesmo tempo decepcionada com Deus e consigo mesma.
Pensava : "se foi Deus, algo se perdeu no caminho e eu não vi.
Se fui eu quem entendeu errado... Poxa, confundir a voz do meu Pai?!"

E dentro do avião, Deus entregou a "terceira coisa", confirmando então que era Sua voz.

Flor chegou ao Brasil com o coração confortado, mas ainda questionava sobre Gael.
Depois de um tempo ela entendeu que seu Pai deu, sim, as três coisas como prometera. Mas Ele deu as sementes.
"É, quantas vezes recebemos presentes do Pai e negligenciamos porque não percebemos que ELE deu a semente e não o fruto. Porque, às vezes, Ele dá as sementes, mas quem gera os frutos somos nós."





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