terça-feira, 26 de abril de 2016

Arrisca?

Vou ME usar pra ilustrar. Ok. Vamos lá! 
Embora eu seja atriz na profissão, minha espontaneidade grita na "vida real".  Às vezes até consigo me conter, mas se a pessoa souber ler a alma e olhar nos meus olhos... me pega "no pulo" em 10 segundos! Principalmente quando o assunto vem de dentro, vem do coração.
Dizem que não sei mentir. Ainda bem! E também nunca quis aprender. Acho feio e baixo.
Vocês sabem, gosto da transparência de alma, da exposição do sentimento, do SIM e do NÃO (mais do SIM do que do "não", confesso). Mas aí, chega uma hora na vida que pra sobreviver e não ganhar o troféu de "trouxa do ano" - DE NOVO, diga-se de passagem - a gente aprende a OMITIR. Afinal, não vai adiantar falar. [Aiiii que péssimo, nunca me imaginei dizendo isso. Mas calma, minha gente, é só hoje. Amanhã a exposição de meu coração continua. Ah, a entrada é gratuita, mas a aproximação é protegida.] 
Um cara - não sei como - conseguiu alcançar meus pensamentos. Sim, meus pensamentos!  Sabe aquela pessoa que, de repente, você se percebe pensando nela? Imaginando mil conversas, mil coisas que você queria dizer, fazendo roteiros e mais roteiros dentro de sua cabeça... Então! Quando alguém atinge esse estágio fica complicado disfarçar. Se está nos pensamentos com tanta frequência é porque o coração foi atingido. 
E, embora poucos confessem, isso dá um "medinho". Parece que o outro se torna essencial. E a gente se sente "meio refém" daquilo tudo. Porque a presença do outro se torna quase vital, e a falta dói. E ninguém quer sentir dor, né?! Alguns por sentirem-se assim, logo dão um jeito de se afastar, e matar qualquer resquício daquela sensação.  Estranho, né?! Estão matando o amor! O sentimento que inspira música, filme, arte, ...que inspira a vida e é tão desejado acaba sendo sufocado porque não sabem o que fazer. Afinal, de certa forma, o amor nos tira do centro, e a direção da vida passa a ser compartilhada. E a maioria é egoísta demais pra isso. Querem controlar tudo. [claro, tudo isso acontece de uma forma que a gente não percebe, lááá no inconsciente ]
Bom, eu prefiro ir administrando isso, embora não seja a saída mais fácil. 
Se o cara admitisse (no caso de ele sentir o mesmo que eu), eu me jogaria lá de cima. Já fiz isso e me "estabaquei" no chão. Mas não faz mal, me jogaria de novo, e de novo, e de novo...uma hora aprendo a voar.
O que acontece, meu povo, é que o vôo do amor acontece em dupla. Se um não pula, não dá...
Como do 'lado de lá' não sei o que se passa... Na verdade, acredito que NADA PASSA. Ele é meio pedra, meio racional demais...daqueles que planeja até se vai se permitir amar ou não. Se ele achar que não é uma boa ideia, aborta o sentimento sem dó nem piedade.
Enfim, como não sei "qual é a dele" fui desafiada a me tornar colega. SIM, colega. Amiga eu sei ser, mas colega??????? É muita distância pra quem quer estar perto! Um dos meus maiores desafios é dizer "tchau" quando queria dizer "fica". Ser extremamente formal, quase técnica, enquanto queria falar um monte de coisas, contar a vida, compartilhar...
Chamá-lo pelo nome ao invés de qualquer outra palavra carinhosa (que brota naturalmente na boca)... Falar "você escreve bem" quando na verdade queria dizer "você é foda". Desviar o olhar num encontro com amigos quando na verdade queria estar deitada no peito dele e olhando cada detalhe. Controlar uma conversa, medir, amarrar a espontaneidade, ...Uau! Como isso é surreal e dolorido!
Como as pessoas conseguem viver assim? Por que a gente se presta a isso? Você já pensou na possibilidade de o outro lado estar exatamente do mesmo jeito? Você já pensou se o cara também está esperando um sinal mais seguro para que ele possa se entregar?
E aí, quem vai ceder primeiro? Quem vai se render? Quem vai arriscar?
Mas e se o outro não corresponder? Ué, amor dado não é desperdiçado. Uma hora esse amor volta. Talvez de uma outra pessoa...
Aí é estarmos abertos para nos arriscarmos mais uma vez.
A vida é assim: ou arrisca ou ela te risca, e você se torna apenas mais um sobrevivente, mais um "morto-vivo" que perambula por aí sem usufruir da coisa mais linda que Deus criou, o Amor.


2 comentários:

  1. Murilo Cardia Braga5 de maio de 2016 às 11:35

    Que estranho...parece minha versão feminina escrevendo. Achei maravilhoso!

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