quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Maldita regra!


Liz, embora fosse tão madura, tinha uma ingenuidade quase tosca.
Ela era tão sensível ao invisível que ia além, julgava as pessoas sempre de forma positiva, achava que no fundo todo mundo era bom, só precisavam de estímulos.
E essa ingenuidade fazia a maturidade dela levar uns tombos vez ou outra. E tombos, vocês sabem, doem!
Era terrível assisti-la quando percebia uma "boa avaliação" sobre alguém ser colocada em xeque.
O olhar dela ficava perdido, ela ficava procurando uma saída, uma explicação.
Tentava disfarçar para que ninguém percebesse seu desapontamento, mas ela tinha A VIDA nos olhos e quem soubesse ler olhos logo via que algo estava estranho.
Na verdade, acho que estranha mesmo era Liz. Onde já se viu acreditar tanto em pessoas?!
Mas ela teimava e ainda dizia "uma hora vou acreditar e estarei certa"! Nada a fazia desistir de amar pessoas, amar gente!
Um dia Liz conheceu Guto, um cara maneiro, de tom de voz grave e pouco volume na voz.
Era discreto e ela gostava disso pois não se sentia "troféu". Mas acho que ele era discreto demais, e ela não percebeu o exagero no "não conte pra ninguém", "fotos não"... Coitada, ela achava que era cuidado pois ainda estavam se conhecendo.
É, era cuidado mesmo, mas com outra (ou outras! vai saber).
-Confie em mim_ ele disse. E ela confiou.
-Olha, eu tenho um grau de lealdade e fidelidade elevado, de verdade. Começa comigo e se estende a quem está comigo. Respeito muito o que sinto e o que você sente também._ela tentava SE traduzir pra ele.
-ok.
-O que quero dizer é que apenas o fato de estarmos nos conhecendo me impossibilita aproximação com qualquer outra pessoa. Pode aparecer o Brad Pitt aqui que eu falo "não" pra ele.
Guto a olhou por alguns segundos e disse que também era assim.
Esses "segundos" o denunciaram, mas a mania de Liz querer acreditar a traiu, e ela preferiu achar que ele era exceção.
Ilusão. O processo de "se conhecerem" durou pouco tempo (mas com grande intensidade) e logo ele já apareceu com uma outra mulher.
Ela não teve reação. Ainda tentava o defender pra ela mesma! Não queria acreditar que ele era mais um que fazia parte da maldita regra! Sim, maldita. Porque a regra deveria ser a bondade, e a malandragem é que deveria ser exceção.
[A psicologia explica essas fases do "luto" : negação, raiva... Ela ainda estava na primeira fase, eu acho]

Quanta ingenuidade, Liz! Eu que assisti a tudo fico perplexa e, sinceramente, me dá até raiva! Qualquer um sabe que nesse curto tempo entre você e a outra mulher não dava pra ele conhecê-la.
O jogo era paralelo! Enquanto você se dedicava a ele, ele deixou portas "entreabertas".
Dói vê-la passar por isso mais uma vez.
E mesmo estando aos prantos, sabe o que ela foi capaz de me dizer ?
-Se dói em você, imagine em mim! Mas continuarei amando gente, e no caso de romances, apenas diminuirei meu limite. Se antes eu ia até a porta de casa, hoje desço na rua. Só tenho medo de ir diminuindo tanto os limites que eu me veja trancada numa torre como a maioria, vivendo de migalhas, vivendo no BOM ao invés do ótimo. [...] MAS me recuso a fazer parte da regra, me recuso ser parte do jogo. Não foi isso que meu Deus me ensinou . Uma hora vou acreditar e estarei certa!




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