terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Aqueles olhos!


Aquele olhar que busca o que não estou falando, que desnuda minha alma mas mesmo assim, às vezes, fica sem entender. E por não entender tenta deduzir. Às vezes acerta, outras não. Mas e daí? Apenas o desejo por entender já é bom o bastante!
Quando acerta me alegra e quando erra me encanta, mesmo que me "irrite" um pouco uma vez ou outra. Porque gosto da força e da fraqueza, gosto dessa nossa "humanidade". Gosto de vê-lo sem defesas, com as armas da "perfeição" no chão. Porque essa fragilidade nos aproxima. E eu? Ah, eu gosto de estar perto.
Aquele olhar que tenta decifrar, que enxerga além, bem além...
Aquele olhar que vê! Isso é tão raro!
E enxerga porque não há cortinas sobre aquelas 'janelas', e por não haver cortinas, é um olhar que se mostra também, fala.
Um olhar que, muitas vezes, o trai e me atrai.
Um olhar que, muitas vezes, não acompanha o que a boca diz. Porque sua boca, às vezes, é dura, mas o olhar é doce. E a doçura....Ahhh, a doçura toca meu coração.

Mas por serem olhos que não mentem, se esquiva do contato visual, se esvai, se vai...
Se foi.
Mas quero que saiba que quando escrevi "cuide de você"- e deixei o bilhetinho no meio de suas roupas- eu queria ter dito isso olhando pra você.
Mas não podia, não dava, pois havia UM primeiro bilhete, uma primeira parte que não foi exposta mas que meu olhar me denunciaria.
Pois é, eu tinha feito um "quebra-cabeça". Aquele (que você viu) era o apenas o final. A primeira parte eu, covardemente, joguei fora.
E mesmo sem papel nenhum, se eu te falasse apenas aquele bilhete que leu, você leria a primeira parte dentro dos meus olhos : "permita que eu...". 
E como seu olhar mergulha e ao mesmo tempo evita, engoli a primeira parte (a que era tarefa minha) e passei o resto dos dias engasgada, buscando fôlego cada vez que a gente conversava.
O meu olhar que você tentava decifrar só dizia : "permita que eu cuide de você".


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