quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Uma conversa de Adulto entre Flor e seu avô.



Flor estava sentada naquelas cadeiras de corda ao lado de seu avô.
Estavam apreciando o jardim e conversando.
-Flor, cadê aquele seu amigo? Vocês estavam tão próximos e parece que não ouço mais falar dele.
-É, nem eu, 'Vôzinho'. Ele desapareceu do nada.
-Do nada? Mas vocês pareciam se dar tão bem!
-Eu também não entendo, Vô. Ele parecia diferente dos demais. Me parece que ele não sabe ser amigo de meninas...
-Que coisa triste, minha filha, não saber ser amigo é algo muito triste...
-É, mas mais triste é que ele feriu meu coração.
-Feriu? Mas ele te respeitava tanto...
-Ele respeitava meu corpo, mas minha alma... Ele permitiu que eu abrisse minhas emoções, abaixasse a guarda, expusesse emoções, fraquezas, forças e, de repente, sumiu e agora finge que nem me conhece. Me trata com formalidade. O corpo é mais importante que a alma, Vô?
-Lamentável, meu bem, pelo jeito ele foi contaminado pelo mundo adulto. Não, não...o corpo também é importante, mas o coração é mais precioso, Flor.
-Mas vô, ele é tão inteligente, sensato, ...por que ele foi embora?
-Minha filha, esse é o mundo dos adultos, as explicações são ilógicas!
-Vocês chamam isso de 'adulto'? Ser adulto é agir assim? Eu não quero ser assim! Quer dizer que eu sou criança quando falo que sinto saudade quando a sinto, abraçando quando o toque é chamado, amando de graça, me interessando por seres humanos...? 
-Flor, minha querida, por mais que sua idade avance, você - graças a Deus- cresce pra dentro! Você jamais será assim, mas tem que entender e aceitar que a maioria perde essa simplicidade pois confunde maturidade com dureza. O seu significado de "ser adulto" é diferente. Mas tenha paciência com quem se perdeu pelo caminho... Não permita que essas "atitudes adultas" te machuquem tanto. Você tem uma sensibilidade peculiar, use-a em seu favor. E esse moço, provavelmente, não te feriu de propósito, ele apenas é "adulto".
-Humm...



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