sexta-feira, 6 de novembro de 2015

É real.


Tanto tempo sem sentir o coração "ficar sem jeito", que todo jeito que ela dava era em vão.
Se apegou ao NÃO que ele verbalizou. Pisou no chão. Mas nada adiantou, ela ainda procurava por sua mão.
Ela achava que nunca mais iria sentir essa "agonia gostosa de querer" alguém e, de repente, o conheceu.
Se alguém contasse, não acreditaria. Mas eu vi, ela estava novamente sensível ao nascimento de um sentimento. Por tanto tempo ela ficou congelada, trancada, que era até estranho vê-la daquele jeito novamente.
De repente, ela estava ali o observando, olhando através dele, imaginando...
-Olhe ele...tão despretensioso e ao mesmo tempo tão cuidadoso, tão carinhoso e ao mesmo tempo tão ausente. Tão engraçado mas ao mesmo tempo tão sério que assusta. Parece tão receptível mas é tão fechado. Tão inteligente, maduro, ... fala a minha língua! Tão preciso nas palavras, nas carícias, sabe exatamente o que falar e onde tocar. [...]Olhe lá! Mas calma, não olhe agora, ele tá olhando.

Tentei disfarçar e olhei. Ele não estava mais lá. Ou será que nunca esteve? Confesso que cheguei a duvidar que ele existisse. Tão superlativo nas qualidades que ele se bastava ou talvez tenha sido apenas uma projeção, mais um sonho de Liz. Talvez tenha sido apenas porque Liz estava sem defesas quando o conheceu e acabou o considerando mais do que devia. 
Os dois formariam um belo par, eram equivalentes em praticamente tudo. Por que ele foi embora? Por que ele sumiu assim? Fuga, mania, pouco caso, ...são tantos motivos! Ele parecia estar tão interessado nela quanto ela nele. Será que ele mentiu com palavras ou com atitudes? O que seria menos dolorido pra eu tentar consolá-la?
Lá estava eu tentando achar uma explicação pra aquela "quase-história-de-amor" que eu tinha acabado de presenciar.
-Olhe! Pode olhar!_disse-me Liz novamente.
Quando olhei de novo, ele estava lá, olhando-a com um sorriso lindo no rosto, de peito aberto e dizendo: "venha".

Ele era real. Tão real e humano que voltou atrás e se arriscou no amor.
Afinal de contas, só humanos abandonam o orgulho e o medo e voltam atrás.
Só humanos em sua plenitude divina dispõem-se a amar.

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