segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Pra mim, é nutrição de alma.


Eu sei que a maioria tem facilidade em desfazer, desconhecer pessoas e tal.
Talvez porque cria uma perfeição pra alguém e quando percebe que a pessoa não é aquilo, quando percebe que a pessoa não segue o roteiro criado na cabeça dela para a tal, a pessoa já não serve mais. Então desfazem os laços criados juntamente com as expectativas, e jogam as pessoas num cesto como se fossem rascunhos amassados.
Será que estou sendo muito extremista? Talvez. Mas é o que faço quando escrevo. Amplio detalhes para que a gente enxergue.
Eu sempre tive certa dificuldade em fazer esse retrocesso. Fingir que não conheço alguém, fingir que alguém não me desperta alegria em ver, fingir que sei apenas seu nome. Aliás, fingir não é minha praia.
[Me falam constantemente que esse é o "Jogo da Vida" e que todo mundo faz esse jogo: fingir. Mas não dá, não é a minha praia mesmo! Nessa hora eu acredito quando minha mãe dizia "você não é todo mundo". É, ela estava certa.]
Meu processo é inverso ( e in-verso), eu conheço alguém e dou um papel em branco (na minha imaginação), e cada gesto vai construindo a pessoa dentro de mim. Conforme o tempo passa e eu tenho afinidade com aquilo que está sendo desenhado, eu vou sendo conquistada cada dia mais.
Enquanto as pessoas "desgostam" com o passar do tempo, eu faço é gostar mais! Porque, pra mim, não há nada mais encantador do que ver a nudez de alma do outro, a "HUMANIDADE" (o outro que é tão imperfeito quanto a mim). Sinto que entrei numa área restrita, e essa área me atrai profundamente.
Entenda. Não estou dizendo que gosto de alguém porque me sinto bem ao ver os defeitos do outro. Não, não busco algo pra justificar minhas próprias falhas. Estou apenas dizendo que meu processo de conquista é gradativo, é crescente. Talvez porque eu me entregue mais a medida que crio mais raízes na pessoa, porque eu gosto de raízes, de constância.
Aliás, acho que é por isso também que seja tão complicado pra mim entender o raso, o superficial, o inconstante. Porque não sou planta rasteira, me nutro na profundidade.

Não é o tempo que apaga a pessoa da sua memória, nem o tempo que grava a pessoa na minha.
Não é uma questão de tempo, é questão de profundidade.
Isso não significa que seja melhor ou que você seja melhor. É apenas uma diferença. Há pessoas que ficam na superfície e outras criam raízes.
Quem fica na superfície sofre menos, mas quem cria raízes é mais nutrido. Tudo tem vantagem e desvantagem.
Eu prefiro uma boa nutrição de alma. É uma questão de escolha.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Uma questão de disposição.


É quase o mesmo gesto pra pedir silêncio e pra mandar um beijo. A diferença está no coração, na intenção... Se a gente se dispõe a amar, o ódio se cala, nem precisa mandar.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Uma conversa de Adulto entre Flor e seu avô.



Flor estava sentada naquelas cadeiras de corda ao lado de seu avô.
Estavam apreciando o jardim e conversando.
-Flor, cadê aquele seu amigo? Vocês estavam tão próximos e parece que não ouço mais falar dele.
-É, nem eu, 'Vôzinho'. Ele desapareceu do nada.
-Do nada? Mas vocês pareciam se dar tão bem!
-Eu também não entendo, Vô. Ele parecia diferente dos demais. Me parece que ele não sabe ser amigo de meninas...
-Que coisa triste, minha filha, não saber ser amigo é algo muito triste...
-É, mas mais triste é que ele feriu meu coração.
-Feriu? Mas ele te respeitava tanto...
-Ele respeitava meu corpo, mas minha alma... Ele permitiu que eu abrisse minhas emoções, abaixasse a guarda, expusesse emoções, fraquezas, forças e, de repente, sumiu e agora finge que nem me conhece. Me trata com formalidade. O corpo é mais importante que a alma, Vô?
-Lamentável, meu bem, pelo jeito ele foi contaminado pelo mundo adulto. Não, não...o corpo também é importante, mas o coração é mais precioso, Flor.
-Mas vô, ele é tão inteligente, sensato, ...por que ele foi embora?
-Minha filha, esse é o mundo dos adultos, as explicações são ilógicas!
-Vocês chamam isso de 'adulto'? Ser adulto é agir assim? Eu não quero ser assim! Quer dizer que eu sou criança quando falo que sinto saudade quando a sinto, abraçando quando o toque é chamado, amando de graça, me interessando por seres humanos...? 
-Flor, minha querida, por mais que sua idade avance, você - graças a Deus- cresce pra dentro! Você jamais será assim, mas tem que entender e aceitar que a maioria perde essa simplicidade pois confunde maturidade com dureza. O seu significado de "ser adulto" é diferente. Mas tenha paciência com quem se perdeu pelo caminho... Não permita que essas "atitudes adultas" te machuquem tanto. Você tem uma sensibilidade peculiar, use-a em seu favor. E esse moço, provavelmente, não te feriu de propósito, ele apenas é "adulto".
-Humm...



sábado, 21 de novembro de 2015

Aprendi pelo caminho que...


Mesmo que já exista uma trilha, o caminho é novo e diferente pra cada um que o percorre. Porque não somos COISAS, estáticos, sem vida (óbvio, não?!).
Cada um possui uma bagagem emocional e espiritual, cada um enxerga de um jeito. E tenho percebido que cada olhar é complementar. A visão completa nunca é solitária.

Porque eu preciso do Pai pra ser.


Eu O adoro porque preciso.
Porque quando sou fraca, ELE me faz forte Nele.
Porque quando reconheço Quem Ele é, enxergo minha própria identidade de FILHA.
Porque quando estou aos pés Dele, essa á a posição mais alta que alcanço.
Porque quando me prostro diante de Jesus, ELE me ergue diante das circunstâncias.
Eu fico conectada 24 horas por dia a ELE porque é assim que funciono. Sem ELE não há vida. É como uma TV, só funciona se estiver ligada na tomada.
Eu O busco, O encontro e nessa comunhão me encontro, me descubro. E quanto mais me vejo, mais percebo que preciso Dele, do Amor de Deus, da Graça, da Salvação, da sabedoria, do perdão...
Se eu olhar para o mundo, me perco, porque não sou daqui. Não encontro identificação. Me desespero.
Por isso, minha maior batalha é olhar pra ELE apenas, só pra ELE, pra mais ninguém. Porque todos nós (que acreditamos Nele ou não) erramos, machucamos pessoas (mesmo que sem intenção) e somos machucados.
Não nos apeguemos às dores, aos fracassos, aos "nãos".
Lembremos que em Jesus somos justificados e aperfeiçoados. Nele JÁ somos justos! Mas só Nele. Por isso, permaneçamos Nele, porque não há outro caminho. Todos as outras estradas são pesadas, são por esforço próprio, são pela Lei.
Quando o mundo parece pesado demais, percebo que estou querendo carregá-lo nas costas. Não tenho esse poder. Isso é sufocante. Então, me jogo no colo do Pai, me desarmo, desabo, e ELE me faz voar novamente. Porque no colo Dele minha identidade de FILHA é relembrada, e sendo filha amada de Deus, posso todas as coisas.

Adore-O. Busque-O. Submeta sua alma ao seu espírito que foi ressuscitado pelo Espírito Santo, à sua nova natureza.

"Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome. Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios. Ele é o que perdoa todas as tuas iniqüidades, que sara todas as tuas enfermidades, Que redime a tua vida da perdição; que te coroa de benignidade e de misericórdia,"_ Salmos 103:1-4

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Sobre as mínimas diferenças.


Às vezes fico pensando quão desafiador é lidar com as diferenças, nas mínimas coisas.
Como uma pessoa espontânea deve lidar com uma pessoa formal?
Acredito que cada uma deva ser fiel a sua natureza, ninguém precisa SE atropelar pra entrar no "jogo"(forma de relacionar) do outro.
(Claro, depende do nível de relacionamento. )
E agir naturalmente não é desrespeito com o outro, embora eu acredite que, nesse caso, por serem opostos, a forma de agir de um pode acabar ferindo o outro.
Lidar com essa diferença é que são elas ! Quando o natural de um soa como indiferença ou frieza do outro.
Aí se houver dor, que haja perdão e compreensão, entendendo que não é uma guerra, não te feriram intencionalmente; às vezes, nos sentimos feridos simplesmente porque a pessoa agiu de uma forma diferente do que acreditamos ser cordial.
Mas esse é o mundo, essa é a riqueza, esse é o aprendizado: estimular a singularidade das pessoas mesmo quando "essa" singularidade confronta.
Mas entenda, não estou falando de atropelar o outro. É preciso tato, amor e graça sempre, independente de seu temperamento.
Singularidade não é desculpa pra ser grosseiro com ninguém . Grosseria não é "seu jeito", é falta de jeito.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Dia da Consciência Negra?!


Fala que respeita o negro mas desrespeita o branco, fala que respeita o homossexual mas desrespeita o hetero, fala que respeita o que pensa diferente, o rebelde, mas desrespeita quem crê em Deus...?! Quanta discrepância, não?
Dia da consciência negra?!
Bom seria se todos os dias tivéssemos consciência de que não se separa SERES HUMANOS por cor de pele, opção sexual, religião...
Que todos os dias sejam de consciência e respeito ao ser humano, a começar pelos de nossas família. Respeitar os pais já é um começo.
Tudo começa em casa. Ser cordial com os de fora é fácil, a realidade a gente mostra em casa. Respeite simplesmente.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Mude o jogo.

Se permitirmos que a raiva, o ódio e a amargura tomem conta de nosso coração, os terroristas - ou seja lá quem for (alguns políticos, por exemplo, no caso do Brasil)- terão vencido.
Certas situações causam indignação?? Sim. Doem? Demais!
Afinal, é nosso semelhante tendo seu fôlego de vida roubado.
Mas se retrucamos com as mesmas armas nos tornamos semelhantes daqueles que nos aterrorizam. Assim sendo, perdemos a razão.
Não estou falando para sermos passivos, e sim, PACÍFICOS.
Divulgar desgraças, fotos de crianças machucadas, disseminar essas coisas nos aprisiona. E quando percebemos, o "mau" venceu dentro de nós, pois já não temos paz, não temos bons assuntos pra compartilhar, não temos mais amor para dar... Quando percebemos estamos tão cheios de nós mesmos, tão cheios de justiça própria que não há espaço para Deus.
Essa é a estratégia maligna: ir nos roubando aos poucos.
Quando o mau vence do lado de fora é porque por dentro ele já é rei.
Claro, não concordo nem apoio nenhuma falcatrua política ou de quem quer que seja, e ver a morte de tantos me dói. Mas permitir que isso me domine seria dar a vitória às trevas. E eu? Ahhh eu sou luz!
Jesus pagou um altíssimo preço por mim e por você para agora, depois de tudo, nos submetermos novamente a jugo de escravidão?! Não. Te convido pra ser Luz. Não adianta reclamar que o mundo está difícil se você é mais um que o torna pesado.
Seja luz, seja sal. Seja leve. Seja paz. E pra ser tudo isso, esteja conectado com Aquele que é o Amor: Deus.
A decisão de como vai se sentir é sua, é minha. Vai alimentar o ódio ou o amor? O medo ou a paz?

Obs: sobre o terrorismo, não tem nada a ver com Deus; tem a ver com religião, poder... Jamais permita que isso te cegue e mude sua forma de ver Deus.

Boa noite.
Beijos
Com Amor...

sábado, 14 de novembro de 2015

Seja verbo.

Acalme-se.
Vai passar. É só um temporal.
Quando? Isso não cabe a mim responder.
Assusta? Sim, ainda mais se tirarmos nossos olhos do Alto.
Respire fundo. Sente o ar, o fôlego de vida? É seu. Foi dado à você.
E se a tempestade estiver dentro de você, permita que haja Sol. Descortine-se.
Clame a Deus, chame por ELE, e Ele fará separação entre luz e trevas, assim como no princípio de tudo.
E peço mais uma coisa: que essa luz que nascer aí dentro ilumine quem cruzar seu caminho.
Não seja mais uma teoria, mais alguém cheio de opinião e vazio de coração, não seja mais uma "prece", seja VERBO. Porque é o verbo que age, que transforma.
Mais amor? Não, acredito que não seja tão urgente assim. O que falta mesmo é AMAR.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Seja sua melhor versão.



Constantemente estão querendo nos padronizar (e nós fazemos isso com os outros também, muitas vezes, sem percebermos). A padronização facilita o entendimento, exige menos de nós, menos mergulhos, menos conhecimento do outro e de nós mesmos. A padronização facilita o controle também (para aqueles que usam disso pra se beneficiarem).
Mas eu vim aqui mais uma vez NOS DESPERTAR.
Cultive sua singularidade. Encontre sua identidade.
Te acham fora da casinha ?! Continue do lado de fora.
Não conseguem te categorizar?? Está no caminho certo!
Se mudarmos pra ficarmos "normais" (iguais a todo mundo) , se nossa referência é a pessoa ao lado corremos o grande risco de boicotarmos nosso próprio crescimento ou aceitarmos a ideia de que não podemos avançar para não sairmos do "alinhamento". Corremos o risco de sermos um "bando" de águias vivendo como galinhas: podendo voar, acabamos ciscando.
Se decidimos nos alinhar viramos massa, coletivo, nos tornamos apenas números. Entenda.
Não se torne comum apenas pra se encaixar. Isso é engano. O melhor encaixe está na riqueza de sermos indivíduos.
Nossa única referência, nosso único alinhamento deve ser com o Pai (Deus), pois foi Ele quem nos criou, Ele sabe de nossos potenciais. E se você, assim como eu, nunca se encaixou em prateleira alguma, devemos tomar cuidado para não ficarmos arrogantes só porque o paradigma do mundo não nos moldou, não nos venceu.
Cada e toda função é especial, independente da projeção que isso traz.
O êxito está em cumprir a função e não na "glória" que isso traz.
Há funções que são fundamentos, ninguém verá, mas são essenciais. Da mesma forma que alguém pode estar alcançando uma projeção social (sendo conhecido) mas pode não estar tendo êxito, porque o coração está contaminado ou porque está fora da função.
Não menospreze sua função, aquilo pelo qual seu coração queima, aquilo que você faz sem esforço algum. Nossa "função" é rio, flui naturalmente.
Lute para que sua essência ressuscite. E mais do que isso, busque QUEM criou você: Deus (Jesus). Ninguém melhor do que ELE para nos guiar para a nossa melhor versão.
Seja sua melhor versão.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Até o final.

Não podemos fugir das coisas, não podemos evitar as coisas esperando que elas desapareçam. Temos que passar!
Não se liberta das coisas correndo delas. Porque se você correr delas, elas te encontrarão em algum lugar.
Ninguém pode conquistar vitórias fugindo. Cedo ou tarde você vai ter que se posicionar e passar por isso. (Is 43:2) .
Sempre queremos que Deus nos livre de alguma coisa, mas muitas vezes ELE "quer" que passemos para vencermos, para nos aproximarmos Dele.
Geralmente, toda sabedoria que adquirimos, a conseguimos quando passamos por coisas não muito fáceis. Muitas vezes, nosso compromisso dura até que a dor chegue. Então quando a dor chega, nós queremos correr dela ao invés de recebermos uma força maior de Deus para passarmos por aquilo. Quando chegamos nesse momento mais difícil é quando devemos nos achegar ainda mais a Deus.
Muitas pessoas param quando sentem-se desconfortáveis, param quando requer delas sacrifício ou custar algo.
Não podemos correr das coisas difíceis, temos que aprender a prosseguir. Se não ficaremos na mesma montanha, vagando, vagando...
Às vezes tomamos uma decisão certa e parece que os problemas se multiplicam, mas...Prossiga até o final com Deus.

sábado, 7 de novembro de 2015

Seria melhor não poetizar tanto a vida. É, seria...


Lá estavam sob a luz da televisão, assistindo a mais um filme juntos.
Um pote de sorvete compartilhado. Esse foi o máximo que ela sentiu do gosto dele, através da colher também compartilhada. Tinha gosto de mistério. Indecifrável.
Estavam lado a lado mas com um espaço entre eles. O espaço do "território desconhecido", da dúvida, do receio.
Entre uma risada e outra foram se aproximando instintivamente.
Ele passou o braço por detrás do pescoço dela amparando-a. Logo, ela se aconchegou.
-Posso?_ perguntou referindo-se a deitar no peito dele.
-Claro._ respondeu puxando-a pra mais perto.

A atenção dela ficou dividida, não sabia se prestava atenção no filme ou se controlava-se. Sim, controlava-se, porque aquela situação toda era digna de intimidade, muita intimidade. Coisa que eles não tinham. Pelo menos, não fisicamente.
Mas tinham uma intimidade de alma, dessas que a gente não escolhe com quem tem, a gente simplesmente reconhece.
O sono chegou. Pra ele.
Ana não conseguia nem respirar tamanho auto-controle ela estava 'gastando'. Não, não estou falando de desejos carnais (apenas). Estou falando PRINCIPALMENTE de controlar emoções, porque, embora ela não quisesse admitir, ele tinha tudo que ela admirava, até as diferenças, até os pensamentos contrários aos dela Ana via como aprendizado.
Era difícil contrariar Ana, pois ela via tudo como aprendizado, como meio de melhorar-se, crescer.
O filme acabou. Ela ou ele teria que ir pro outro cômodo, afinal de contas, não eram nada um do outro pra dormirem juntos. Sim, simplesmente dormirem.
Enfim, nenhum dos dois teve a iniciativa de mudar de lugar. Aquele ambiente estava bom, a companhia, o calor, a cama, o toque...Ahh o toque!
Ele com os olhos fechados, fingindo que estava dormindo, ela o olhava sem pensar em muita coisa. Simplesmente o olhava e acariciava os cabelos dele. Ela estava tão presente ali que não conseguia divagar sobre mais nada, a mente dela achou sossego. Algo raro, diga-se de passagem.
Depois de um tempo, ela parou de lhe acarinhar. "Dormiu"_pensou. Deu-lhe um beijo na bochecha, outro no queixo e virou-se pro outro lado.
Em seguida, ele envolveu-a de costas, abraçou-a, entrelaçando a mão dele na dela.
Ele levantou os cabelos dela e deu-lhe um beijo no pescoço.
Suspiraram fundo. Juntos.
Nenhuma palavra. Nenhuma explicação daquilo que estava acontecendo.
Adormeceram enlaçados. 
Acordaram ressabiados. Ana, sem entender muito bem, tentava não romantizar tudo aquilo, pois pra ele poderia ser apenas uma noite como outra qualquer. Não que ele fosse daquele tipo de homem que usa mulheres para satisfazer-se, mas ele poderia ser mais um que vivia essas coisas sem tirar o coração do cofre. 
Seria melhor não poetizar tanto a vida. É, seria...






sexta-feira, 6 de novembro de 2015

É real.


Tanto tempo sem sentir o coração "ficar sem jeito", que todo jeito que ela dava era em vão.
Se apegou ao NÃO que ele verbalizou. Pisou no chão. Mas nada adiantou, ela ainda procurava por sua mão.
Ela achava que nunca mais iria sentir essa "agonia gostosa de querer" alguém e, de repente, o conheceu.
Se alguém contasse, não acreditaria. Mas eu vi, ela estava novamente sensível ao nascimento de um sentimento. Por tanto tempo ela ficou congelada, trancada, que era até estranho vê-la daquele jeito novamente.
De repente, ela estava ali o observando, olhando através dele, imaginando...
-Olhe ele...tão despretensioso e ao mesmo tempo tão cuidadoso, tão carinhoso e ao mesmo tempo tão ausente. Tão engraçado mas ao mesmo tempo tão sério que assusta. Parece tão receptível mas é tão fechado. Tão inteligente, maduro, ... fala a minha língua! Tão preciso nas palavras, nas carícias, sabe exatamente o que falar e onde tocar. [...]Olhe lá! Mas calma, não olhe agora, ele tá olhando.

Tentei disfarçar e olhei. Ele não estava mais lá. Ou será que nunca esteve? Confesso que cheguei a duvidar que ele existisse. Tão superlativo nas qualidades que ele se bastava ou talvez tenha sido apenas uma projeção, mais um sonho de Liz. Talvez tenha sido apenas porque Liz estava sem defesas quando o conheceu e acabou o considerando mais do que devia. 
Os dois formariam um belo par, eram equivalentes em praticamente tudo. Por que ele foi embora? Por que ele sumiu assim? Fuga, mania, pouco caso, ...são tantos motivos! Ele parecia estar tão interessado nela quanto ela nele. Será que ele mentiu com palavras ou com atitudes? O que seria menos dolorido pra eu tentar consolá-la?
Lá estava eu tentando achar uma explicação pra aquela "quase-história-de-amor" que eu tinha acabado de presenciar.
-Olhe! Pode olhar!_disse-me Liz novamente.
Quando olhei de novo, ele estava lá, olhando-a com um sorriso lindo no rosto, de peito aberto e dizendo: "venha".

Ele era real. Tão real e humano que voltou atrás e se arriscou no amor.
Afinal de contas, só humanos abandonam o orgulho e o medo e voltam atrás.
Só humanos em sua plenitude divina dispõem-se a amar.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Quando amar parece a única opção.


O dia estava só começando. O Sol mostrava toda sua graça.
A praia cheia era diferente do que ela estava acostumada na companhia dele.
Ela estava bem. Parecia um dia como os outros na companhia dele: excelente, mas,...sempre com um "mas".
Estava calor. Enquanto ele foi dar uma volta pela praia, ela resolveu entrar na água tentando afogar qualquer pensamento ou sentimento que estivesse querendo nascer. Nada adiantou, pois aquele ambiente solar era não só dela, mas também o habitat dele. Ou seja, era como se aquilo tudo o carregasse na memória. Entende?!
Clara voltou pra areia, relaxou diante do Sol. Corpo quente, cabeça fria.
De volta de seu passeio, Gael a convidou para um mergulho na água. [Claro que era na água, ele não estava pronto para mergulho em pessoas].
Ele mantinha uma distância um tanto indigesta pra ela. Isso fez com que a água parecesse mais fria do que realmente estava.
-Vou voltar pra areia. A água está ficando perigosa. _disse Clara indo em direção à praia. Mas nem era só o mar, era aquela distância toda que a incomodava
- Fica. _disse ele sem maiores explicações.
Ela virou pra trás e o olhou. Foram 10 longos segundos onde o "nada" não dito gritava dentro deles.
Ele foi em direção à ela e a abraçou. Mais uma vez, ela não sabia o q fazer. Ele a deixava embaraçada. Ficaram embaraçados, abraçados por um tempo. Água fria, cabeça fervendo e o corpo...o corpo era mantido sob absoluto controle por ambos. Por uma questão de necessidade [...]
Saíram do mar e sentaram-se na beira. Um ao lado do outro.
Ela temia encostar nele, qualquer esbarrão parecia dar choque. A praia já estava bem mais vazia, como ambos apreciavam.
- Posso?_ disse ele referindo-se a sentar-se atrás dela envolvendo-a com as pernas.
- Claro. _respondeu, surpresa. Era o que ela queria: um contato que fosse! Mas, ao mesmo tempo, ela mantinha-se atenta pra não deixar nenhuma emoção a mais se manifestar. Pois ela sabia que a qualquer momento aquilo tudo que estava acontecendo ali poderia se desfazer como uma nuvem, sem aviso prévio.
O Sol cobriu o mar de dourado. Amar...parecia simples naquele momento, parecia a única opção. E que bela opção!!!!
A noite chegou e nada mudou. Continuavam ali, juntos.
O vento frio na beira-mar os unia ainda mais.
Tudo tão perfeito: a noite, a luz da lua, o barulho do mar, ninguém mais por perto, o carinho trocado.
Não faltava nada. Aliás, faltou. Faltou o beijo que ainda não chegou.
Por incrível que pareça, todo esse ambiente, toda essa intimidade, todo esse carinho foi gerado sem nenhum beijo trocado.

Pra ele, um desafio, uma brincadeira pra conhecer seus próprios limites.
Pra ela, um sonho inacabado, uma brincadeira de mau gosto.
Mas como Clara tinha mania de sempre defender o indefensável, ela ainda se lembrava daqueles dias com muita alegria. E todas as vezes que fechava os olhos e esse dia a visitava, ela conseguia sentir toda a emoção daquele momento. E ela sorria.
Ela sorria mesmo depois de ele dizer friamente que tudo aquilo não passou de um "mero interesse" em conhecer, e que não houve absolutamente nenhum tipo de sentimento ou envolvimento.
Não sei se Clara sorria por não enxergar a realidade ou se era justamente por enxergar a verdade oculta. Porque nem toda realidade é carregada de verdade.