segunda-feira, 23 de março de 2015

Des-pretensão.



"Vem pra cá! Vou aí te buscar", Tato disse.
Era apenas mais um convite pra fazer qualquer coisa num final de semana qualquer.
"Claro", Bia respondeu, "estou te esperando".
Ela tinha acabado de recusar o convite de um colega que, no fundo, sabia quais eram as intenções dele : namorar. Como ela aprendeu a ser racional e por parte dela "não rolava", disse "não" ao tal colega.
Mas o Tato?! Ahhh! Diante de um despretensioso convite ela abaixou a guarda. Ele nunca havia deixado escapar nenhum interesse e com isso ganhou a confiança dela.
(não que os que demonstrem interesse não exalem confiança..enfim...a explicação pra isso daria uma outra história. E nosso foco aqui é no Tato e na Bia).
Ele é daqueles homens raros, homem 'como manda o figurino'. Ligou avisando-a que havia chegado e a esperou do lado de fora do carro para recebê-la e abrir a porta do carro.
Bia, apesar de dura na queda, era sensível a gentilezas. Aliás até demais!
Há mulheres que não gostam disso, mas pra Bia era essencial, é o tipo de coisa que determina em que "quadro" de sua vida a pessoa vai se encaixar. Mas não era nada programado, era natural.
O churrasco era na casa dos pais dele. Ela achou que tivesse mais gente (pelo menos umas 10 pessoas), mas não. Contando com os dois, que tinham acabado de chegar, eram 6 pessoas.

Assim que chegaram apresentou-a a família e logo que foram entrando na casa -para conduzi-la -ele já pegou na mão dela.
Uau! Isso pra Bia era extremamente delicado. Ela sempre teve alguma coisa com esse negócio de pegar na mão. Ela achava íntimo.
Ficou sem reação. Lembram? Ela estava sem defesas, completamente exposta.
E ele é do tipo determinado. Não foi pegando na mão dela aos poucos. Pegou com vontade. Não dava pra ela puxar a mão ou fingir que ia ajeitar o cabelo pra soltar a mão.
Ela riu.
-O que foi?
-É que...é que você pegou na minha mão._disse ela sem saber como dizer ou o quê dizer.
-Sim. E você achou ruim?
-Não é isso. É que...
-Porque vai ser assim daqui pra frente.
Ela mais uma vez riu. Porque nesses momentos que a gente não tem o que dizer ou fazer, nesses momentos em que você se vê DE REPENTE sendo parte de alguém assim do nada...só resta dar um sorriso pra amenizar o olhar perdido que busca uma resposta pra aquilo que te pegou de surpresa.
Tato a surpreendia a todo instante e acho que ele nem sabia disso.
Bia sempre atenta aos subtextos, aos detalhes, às intenções muito mais do que às ações foi se vendo sem saída. Atenta com o coração, pois ela não era o tipo de pessoa observadora que fica olhando o lugar, a roupa e tal...a observação dela se repousava em intenções, sensações.
Beijaram-se.
A tarde virou noite, que virou madrugada.
Ele era envolvente. Cada carinho dele a deixava ainda mais vulnerável.
Era muito inteligente. (Mal sabia ele que Bia era "sapiossexual" - pessoa que sente-se atraída por quem é inteligente).
-Já estou com sono. Vamos embora?_disse Bia.
-Sim, mas antes quero te fazer um pedido.
Ela o olhou nos olhos com medo do pedido. Estranhamente, ultimamente Bia havia se tornado uma pessoa medrosa pra se relacionar. Resultado do último tombo que levou, ela sabia disso.
-Quer namorar comigo?!_ perguntou ele, pedindo uma garantia de que haveria o amanhã e todos os outros dias.

É...ele é um homem raro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário