quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Não perca!


Desde o início Carlos amou Ana. Desde o primeiro dia, talvez não tenha descoberto no primeiro dia, mas que foi mágico foi.
Trocavam risadas, brincadeiras toscas, eram eles mesmos em suas formas mais puras. Ambos.
Mas apesar do sentimento ser recíproco, o conhecimento e coragem era unilateral.
Ana era tão transparente que refletia. Isso assustou Carlos, pois ele passou a se enxergar.
E viu que não era tão forte assim, não estava preparado.
A velha e batida história de medo de amar aparecendo mais uma vez, e dessa vez com um detalhe, ele não sabia ser amado daquele jeito, com aquela tranquilidade toda. Sem neuroses.
Por ele não conseguir abraçar o amor, apesar de assumi-lo, eles terminaram.
Que dia marcante! Um adeus querendo ficar, e a mão que se despedia continuava estendida, parecia pedir socorro. Mas socorro ele não conseguia aceitar. Quanta autossuficiência! Mas ele não sabia que era esse o motivo de não aceitar ajuda....Achava que era pra caminhar apenas, olhar pra frente.
E Ana também confundiu orgulho com amor próprio e decidiu deixá-lo ir. Quanto orgulho disfarçado de segurança. Mas ela não sabia...a gente tem essa mania de camuflar nossos defeitos, claro, de forma inconsciente.
-Você vai ser sempre a mulher da minha vida. Não quero perdê-la.
-Não me perca...
Esse foi o último diálogo daquele período.

Pra evitar pensar e fugir da dor, ele logo emendou em outro namoro. Assim, ele continuava tendo pra quem ligar, pra quem mandar mensagens de "bom dia", pra quem contar seu dia, cantar suas músicas, ...
Já Ana emendou um choro atrás do outro. Suas lágrimas pareciam não ter mais fim. Mas o que acontecia é que a saudade alimentada vira fonte dentro da gente. Aí, quanto menos vemos quem amamos, mais enchemos aqui dentro até o dia que transborda.

Depois Ana namorou Paulo que lhe chamou a atenção por se parecer bastante com Carlos. Aquela história de achar um substituto que pareça com quem a gente ama, como se fosse a pessoa...Nossa capacidade de nos enganarmos é medonha!
Paulo sonhava em se casar e ter filhos com Ana. Aliás, algo que Ana sempre despertou nos homens sabe-se lá porquê. Enquanto tem gente que diz que os homens não querem nada, Ana fica aflita com os pedidos que recebe (não no mesmo intervalo de tempo, claro).
Mas quando chegou esse momento, ela viu...Paulo não era Carlos. Óbvio, não?! Mas a fantasia estava tão boa, menos dolorida que enfrentar o medo.
O que temos que entender é que o medo é tipo bicho-papão, nem existe, só assusta. Vai "doer" da cama até acender a luz do quarto, mas aí...você vê que não tem nada. Era só coisa de sua cabeça.

O caminho de Carlos para Ana estava livre, sempre esteve. Caminho de amor não fecha, não tem congestionamento...é caminho único. Mas mesmo assim Carlos tinha orgulho de andar de volta e buscá-la.
Ele era seu próprio inimigo. E tudo por uma questão de vaidade...
Se soubéssemos de verdade (e não apenas de palavras) o quanto a vida passa rápido, não perderíamos tanto tempo com bobagens e coisas não essenciais.
E por não querer "entender" tanto os outros, por não aguentar mais justificar grosserias alheias, inclusive de Carlos, Ana aceitou o amor de Paulo e se abriu para o próximo passo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário