sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Procura-se DNA semelhante.



E você começa a rever coisas que um dia guardou pensando que se guardasse aquilo se tornaria eterno.
Revê fotos, revê sonhos, revê a pessoa ali na imaginação, revê na memória a última noite que passaram juntos onde dormiram e acordaram um de frente ao outro e com os lábios encaixados. Mas o ângulo agora é outro.
E você vê tudo aquilo, todo aquele sentimento guardado, todo aquele amor sonhado, toda aquela rejeição perdoada e sente-se refém de si mesma.
E por um minuto que seja, você sente-se envergonhada de ter amado, de amar (sei lá o tempo que se conjuga ESSE). Porque quando a gente sente algo por alguém que se posicionou de forma medíocre, a gente se sente medíocre também. E isso é terrível, sentir-se espelho justamente daquela atitude que você detesta!
E a gente tenta se convencer a todo instante que tudo não passou de uma mentira, de uma realidade inventada. Aliás, uma invenção de muito mau gosto.
E às vezes a gente consegue se convencer, por um tempo que seja, que ele não era boa pessoa, mas essa é uma realidade cruel demais para manter.
E nesse período de "convencimento" a gente deixa de falar dele, mas não porque deixou de sentir e sim porque CANSOU de sentir.
A gente não fala, não por falta de amor ou falta de palavras pra expressar, embora chegue uma hora onde as palavras já não conseguem espelhar o sentimento.
A gente para de falar por usar a razão, e usando a razão percebemos que não tem lógica esse amor que não morre.
Mas...amor de verdade não morre mesmo! E aí?
Aí, a gente prossegue com a vida, com aquele amor pulsando mas guardado. Guardado para entregar para um outro alguém que caiba, que tenha o mesmo encaixe. E é isso que faz a demora se prolongar.
Porque quando já se tem o amor pronto limita-se em quem se encaixa. Porque foi feito sob medida, e achar medidas semelhantes demora mais.

E não, não sofro. O motivo do amor nascer foi embora, mas o filho ficou. E a agonia é justamente a de achar alguém que tenha um DNA semelhante.



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