terça-feira, 10 de setembro de 2013

HOJE SÓ ESTOU REPASSANDO UM BOM TEXTO DE XICO SÁ.

Educação sentimental: o homem frouxo (XIII)


Graças aos amigos Fred Jordão e Beto Azoubel, farejo aqui, ainda de longe, o cardápio do Bar do Homens Fortes, ambiente familiar de macho-jurubeba (rua Mangabeira, 487, Bomba do Hemetério, Recife), uma das atrações do festival Delícias da Comunidade.
O nome do estabelecimento me remete ao moderníssimo sintoma da época, a nossa fruta da estação dos costumes: o homem frouxo e/ou deveras metrossexualizado, com medo da comida de sustança e das mulheres dispostas.
Coragem, meu filho, coragem, a vida é luta renhida, viver é lutar, como nos dizia o Gonçalves Dias. Eternamente epistolar, ou seja, tomado pelo gosto estranho de escrever cartas aos semelhantes em apuros, remendo aqui a missiva que destinei aos homens mofinos.
***
Amigas, peço a devida licença para me dirigir exclusivamente aos meus semelhantes de sexo, esses moços, pobre moços, neste panfleto testosteronizado.
Sim, amigas, esses seres que andam tão assustados, fracos e medrosos, beirando a covardia amorosa de fato e de direito.
Destemidas fêmeas, caso observem que eles não leram, não estão nem ai para a nossa carta aberta, mostrem aos seus homens, namorados ou pretendentes,  esfreguem uma cópia impressa nos narizes insensíveis para os bons cheiros da vida.
Uma cópia colada na tv antes do clássico do futebol não funciona. Ele vai esquecer de ler depois.
Agora falando sério, e só para estes moços, pobres moços:
Amigos, chega dessa pasmaceira, chega dessa eterna covardia amorosa. Amigos, se vocês soubessem o que elas andam falando por ai. Horrores ao nosso respeito.
O pior é que elas estão cobertas de razão como umas Marias Antonietas cobertas de longos e impenetráveis vestidos.
Caros, estamos sendo tachados simplesmente de frouxos, medrosos, ensaios de macho, rascunhos de homens.
Rapazes, prestem atenção, faz sentido o que elas dizem. A maioria de nós anda correndo delas diante do menor sinal de vínculo, diante da menor intimidade, logo após a primeira ou segunda manhã de sexo. O que é isso companheiros? Fugir à melhor das lutas?
Nem vou falar na clássica falta de educação sentimental do dia seguinte. Aí já é nosso paleolítico, história datada. Como assim, cabra fulero, nem um lacônico SMS – “noite linda,gracias!”
Francamente, hombres.
Delicadeza, macho,  não custa nada, não terá nem mesmo que roubar ou quebrar teu infantil porquinho de economias.
Amigos, estamos errados quando pensamos que elas querem urgentemente nos levar ao altar ou juntar os trapos urgentemente. Ledo (ivo) engano. Erramos feio. Em muitas vezes, elas querem apenas o que nós também queremos: uma bela noitada.
Por que praticamente exigimos uma segunda chance apenas quando falhamos, quando brochamos, algo demasiadamente humano? Ah, eis o ego do macho, o macho ferido por não ter sido o garanhão que se imagina na cama.
Sim, muitas querem um bom relacionamento, uma história com firmes laços afetivos. Que mal também há nisso. Desejo legítimo, lindo, está longe de ser um crime, e além do mais pode ser ótimo para todos nós.
Enquanto permanecermos com esse medinho de homem, nesse eterno e repetido “estou confuso” –“eu tô CAFUSO”, como dizia Didi Mocó!-, a vida passa e perdemos mil oportunidades de viver, no mínimo, bons momentos do gozo e da felicidade de varejo possível. Afinal de contas para que estamos sobre a terra, apenas para morrer de trabalhar e enfartar com a final do campeonato?
Amigos, mulher não é pra medo, é para nos dar o melhor da existência. Nada melhor do que a lição franciscana do “é dando que se recebe”, como cai bem nessa hora.
Amigos, até sexo pra valer, aquele de arrepiar, só vem com a intimidade, os segredos da alcova, as pornodevoções.
Caros, esqueçamos até mesmo o temor de decepcioná-las, no caso dos exemplares mais generosos do nosso clube.
Não há decepção maior no mundo do que a nossa covardia imediata em fugir do que poderia representar os bons momentos da felicidade possível, repito, não a felicidade utópica, que é bem polêmica, mas a felicidade que escapa covardemente entre nossos dedos adolescentes a toda hora.
Rapazes, o amor acaba, o amor acaba em qualquer esquina, de qualquer estação, depois do teatro, a qualquer momento, como dizia Paulo Mendes Campos, mas ter medo de enfrentá-lo é ir desta para a outra mascando o jiló do desprazer e da falta de apetite na vida.
Acordemos, hombres! E paz na terra aos homens de boa vontade!

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