quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Quando fecham a porta.



''Eu sei, eu já falei mais. Bem mais!
Mas o problema é que quanto mais a gente fala e tenta explicar, mais as pessoas se importam com coisas  'des-importantes', se concentram na vírgula que a gente não disse, na respiração no meio da frase. 
E como se fosse apenas uma observação de COMO a gente disse alguma coisa, afirmam suas interpretações e acabam dando um outro sentido ao que foi dito. E pior, duvidam do que você diz ou tentam completar suas frases, seus pensamentos. 
Porque de acordo com seus estudos próprios e deduções tentam te encaixar em alguma coisa pronta, lógica e de fácil leitura. É, porque é mais fácil assim. Diante de personagens já estudados podem ter reações programadas e pensadas. E perdem a espontaneidade, perdem o hoje, o agora.''

Maria pensou, pensou e acabou concluindo esse ''pensamento aberto'' acima.

Ela não se referia apenas ao Pedro. Maria falava de Pedro, falava dela mesma, de seu passado. Ela também já tinha sido assim, dessas de focar em tantos detalhes que se perdia e fazia os outros se perderem. Porque nem tudo é pensado, calculado. E quando somos questionados sobre onde está a vírgula nos perdemos. Nos perdemos de nosso presente para tentar achar explicação ao que foi dito, ao que foi ocultado. Começamos a vasculhar o passado recente, as memórias antigas, as lembranças escondidas. E com tantas perguntas e paradas para tentar responder o desnecessário, o presente passa. O futuro chega desfeito, faltando partes (a parte do presente).

Logo Pedro que parecia disposto a ensiná-la a viver o AGORA...
Logo agora que Maria vivia um dia por vez... Pedro decidiu voltar atrás. Ele queria mais. Mais que o presente. Queria garantias. E garantias Maria não podia mais dar, porque ela estava aprendendo a viver o PRESENTE. Ela não podia se trair, e voltar a sua insana preocupação com o futuro. Logo agora que estava se libertando dele (do amanhã).
Logo agora que ela estava entrando, ele fechou a porta.
Logo agora...
Agora Maria estava só com seu pensamento aberto diante de uma porta fechada.


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