domingo, 9 de outubro de 2011

Estou aqui. Sempre estive.



-Vá, querida, você precisa conhecer outras pessoas. Você precisa sair da toca!
-Quem disse isso?
-Eu estou te dizendo, ué!
-Ah, mas ele...
-Sem "MAS". Vá sem compromisso de encontrar algo especial nele. Se encontrar, ótimo! Se não encontrar, bom também, ele pode se tornar especial.
-Hum...essa história de "se tornar"...
-Anda, daqui meia hora ele estará aqui na porta pra te buscar.
Ana foi. Vestiu seu melhor disfarce de "o show tem que continuar" e foi. Saíram pra jantar. Guilherme tinha um ótimo gosto. E tinha muita paciência (o que nesse momento, para tentar ganhar o coração de Ana, era de extrema importância).
Ana chegou em casa tentando fazer o mínimo de barulho possível. Não queria ninguém lhe perguntando "como foi". Não adiantou. Sua mãe a aguardava ansiosa.
-E aí, como foi?
-Legal.
-Legal?! Só isso?
-Ué,...Guilherme é uma boa pessoa.
-Tá vendo! Doeu? Ele te mordeu?
-Não, não mordeu. Mas doeu.[...] Bom, vou subir para o meu quarto. Boa noite.
Ana evitava a todo custo falar sobre o coração. Ela sabia que todos sabiam, mas não precisavam ouvir de sua boca que ela ainda amava 'aquele que ela nem pronunciava o nome para evitar pensar'.
Dias se passaram e Guilherme passou a ser companhia constante. Não, eles não tinham sequer se beijado. Mas estava perto disso acontecer. Guilherme era determinado e isso mexia com Ana. Ela sempre admirou pessoas que sabem QUEM querem, que lutam por quem querem...ao invés de mudarem de 'alvo'. Porque se o cara muda de "alvo" rapidamente mostra que nem ele sabia o que queria, ele simplesmente queria alguém...e um alguém qualquer.

-Me dê uma chance, Ana! _disse Guilherme.
Ana não respondeu, apenas deu um meio sorriso e ele a beijou. Desde então começaram a namorar.
Ana sempre se negou a namorar por 'conveniência', mas Guilherme sabia de toda sua história e estava disposto a amá-la e conquistar seu amor. E sua mãe lhe dizia pra dar uma chance ao coração ( o problema é que o coração de Ana já não era mais dela. Pertencia 'àquele que ela não mencionava o nome').
Guilherme era um cara muito interessante, EDUCADO tal como as exigências de Ana (coisa difícil de se achar), atencioso...

-Mas ele não canta, mãe!
-Como assim, não canta?
-NÃO CANTA. Toda nossa família é de músicos, sempre sonhei com alguém que cantasse, que tivesse música na veia assim como nós...
-Minha filha, você está se apegando a detalhes demais. Está procurando uma desculpa...

Assim ela prosseguiu o namoro. Ela queria, ANA queria gostar dele, mas esquecer o Violeiro (sem nome) era mais difícil que construir a Arca de Noé, mais complicado que abrir o Mar Vermelho...Para Ana, esquecê-lo era comparado a mais um Grande Milagre Bíblico!
Um ano. Um ano de namoro. Ana estava alegre, contente (no sentido literal da palavra...SE CONTENTANDO), aprendendo a viver no morno, no normal...Mas toda semana, todo mês ela sonhava com o dia que o 'Moço do Violão' iria resgatá-la daquela vida e levá-la com ele.
Ela não se conformava com aquela realidade "cruel e medíocre". O mal de Ana era que ela sempre leu demais, via filmes demais, sonhava demais...Pra ela tudo era possível.
E era.
Depois de um ano e alguns meses, o Moço da Música (da música de seu coração) deu um sinal de vida, reapareceu. Mas sem dizer nada de 'mais'.
Uma semana depois Guilherme a pediu em casamento. Ana chegou em casa e foi direto pro quarto chorar.
-Eu não posso fazer isso, não posso! Não posso levar isso adiante! Não consigo! Guilherme não merece! Meu Deus, me ajude, me ensine a amar o Guilherme!

O telefone tocou.
-Guilherme, é você?
-Oi Ana. Boa noite.
Ana ficou muda.
-Ana, você está aí?
Ela que sempre foi boa de disfarces não conseguiu pensar em nada "natural".
-Oi...estou aqui. Sempre estive.
-Ana, eu sei que demorei, sei que fui covarde,...
-Que bom que sabe... Você demorou.
-Você está com alguém?
-Além de você no coração?
-Eu te amo. E estou aqui na porta de sua casa.
Ana chorou silenciosamente e foi até a porta.
-Eu sei. Eu sempre soube. Mas você precisava descobrir isso, precisava assumir isso pra você mesmo.[...] Olha, me desculpe mas eu acabei de ser pedida em casamento. Minha vida precisava continuar...
-Mas você vai aceitar?
-Tanta gente me chamou de boba, tola por te esperar, por te querer, por te amar...Se vou aceitar? O Guilherme tem cuidado muito bem de mim.
-Você não me respondeu. Você vai aceitar? Vai se casar com ele???
-Depende de você. Você veio aqui apenas pra me contar de sua descoberta?
(às vezes Ana sabia ser fria 'por fora')...Sempre existiu amor entre nós, mas nada foi feito.
-Não, não liguei apenas pra contar de minha 'descoberta'. Liguei pra te pedir que volte pra mim...Ai, eu não sei fazer isso...
Ana ficou em silêncio um tempo e prosseguiu:
-Não. Eu não aceitei. Eu pedi um tempo. Terminamos.
-Você quer se casar comigo?
Ana finalmente sorriu com o corpo e com a alma. Ele a puxou e a beijou.


E assim, depois de um ano e tanto de intervalo, continuou a história de Ana e seu amado (que vocês não saberão o nome).

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