sábado, 6 de agosto de 2011

Na sala de aula....


A professora perguntou: -Quem acha difícil esquecer alguém que gosta???
Todos os olhares se voltaram para o fundo da sala, na fileira do meio. Liz, ela foi a única que levantou a mão. Um coleguinha lá na ponta até começou a levantar a mão mas teve receio de ser minoria e abaixou antes que mais gente o visse.

A sala inteira gargalhou. Acharam que era piada. "Menina, de onde você veio?", "Em que planeta você vive?"..."Você acha difícil esquecer? É tão simples!". Todos falavam ao mesmo tempo.
Liz, que ficou com o olhar um pouco apreensivo, respirou fundo e olhou um por um nos olhos e eles foram se calando. Ainda havia um buchicho quando a professora os silenciou com um suave "psiuuuuuuuu".
-Liz, você tem algo a nos dizer?
Alguns emendaram,"é, explica aí, menina!".

-Desculpe-me, mas eu não sabia que "não esquecer" era crime. Nem imaginei que eu estaria sozinha nessa. Achei que tivesse mais gente!
-Mais gente o quê?
-Mais GENTE, simplesmente gente.Houve um silêncio de ignorância. Ninguém entendeu direito o que ela tentava dizer.
Ela continuou: -Ué, pra quê eu vou esquecer alguém que gosto, que faz eu me sentir tão viva, tão...
-Liz, minha querida, estamos falando de esquecer alguém que você gosta mas não está com você.

-Hum...E?

-E, se ela não está com você...Bom, é só esquecer.
-Simples assim?
-Simples assim.
-Não, não consigo. Quando eu gosto existe uma parte de mim que essa pessoa pega, e existe uma parte dele que eu pego...É como naquele exercício de matemática...um intersecção com outro. Entende?
-Não, minha querida. Não entendo.
-É uma pena...realmente é uma pena que vocês não consigam entender algo tão simples como o amor. O amor como o Pai nos ensina, como tem que ser...sem motivo, sem porquê. E amor...a gente não esquece. A gente guarda, transforma em amizade, semeia...Mas não se joga fora nem ignora.
Alguns esbravejavam como quem não tem argumentos :"menina tola!".
Ela abaixou a cabeça e falou consigo mesma "eu tentei, eu tentei".

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