terça-feira, 20 de julho de 2010

Não importa como, apenas me chame ( V ).



"Se foi pego de surpresa, saiba que não está só. Eu fui pega de surpresa em tudo, quando descobri amá-lo, quando descobri não tê-lo, e quando descobri um sonho sendo gerado de uma forma não muito esperada.
E se você se esforça pra ler tantas palavras de uma só vez, meu esforço não foi menor ao escrevê-las. Tudo isso poderia ter sido evitado se meu caráter não exigisse que ela fosse escrita e lida. Portanto, se algo te ofende ou agride, tenha a absoluta certeza que não tenho essa pretensão.
Não me julgue por decidir assumir um sentimento depois de tanto tempo[...]
Embora eu saiba que você também sonha com um filho, depois de tantos acontecimentos estranhos que resultaram em ofensas sem razão, relutei pra contar-lhe. Relutei não por imaginar que você não amaria o próprio filho, não, mas por imaginar que gero um sonho do homem que amo e que nunca soube se me ama também. Covardia? Sim, assumo! Mas sinceramente não sei até onde vai a minha covardia e onde começa a sua em não querer aceitar me amar..."

Esse é apenas um trecho da carta, de duas páginas, que Nina expulsou de dentro de si.
"Sentimentos não devem ser guardados, sobretudo devem ser expressados", Nina falava pra si, pra explicar tantas palavras naquelas folhas.

Emanuel queria vê-la mas por fugir do que sentia por ela, é possível que suas fugas não tenham tido tanto sucesso e encontrá-la poderia remeter-lhe as consequências.
E num confuso estado de espírito, cheio de pensamentos que não repousavam em coisa alguma, pegou o telefone e ligou pra Nina.
Ligou duas vezes sem sucesso, o telefone chamava até cair na secretária eletrônica.
E na terceira tentativa...
-Alô, Nina?
-Pois não...
-Nina, meu amor, é você?
-Desculpe-me, senhor, deve ter sido um engano. O senhor não é a primeira pessoa que procura por essa Nina...Eu comprei esse telefone há um mês com chip e tudo e...
-E você sabe onde eu a encontro? Sou o homem que ela ama e que ...
-Senhor, desculpe não poder ajudá-lo mas, se você que é 'o homem que ela ama' não sabe...
-É...bom...obrigado. Mas...se você tiver alguma novidade sobre a ex-dona desse telefone me ligue, por favor. Meu nome é Emanuel.

Depois do assalto que sofrera, Paulo havia dado um novo celular para sua amada e ambos preferiram um novo número de telefone para uma nova vida. (no início ela até se preocupou caso Emanuel ligasse, mas ele nunca ligava!)
Sem ter notícias de Emanuel após um mês de ela ter enviado a carta, Nina havia contado sobre Sofia (sua filha..É..era uma menina!E sua gestação já estava no terceiro mês) e Paulo disse que assumiria a criança e a pediu em casamento!
Nina disse que pensaria. E ela pensava, pensava muito mas pensava em Emanuel. Pensava que ele apareceria e a levaria para uma outra realidade.
Ela gostava de Paulo, ele era um bom homem, bonito, educado, trabalhador, a amava mas não fazia-a perder o rumo, a respiração, não arrebatava seus pensamentos nem tinha seu coração.
-"Nina, você sabe que sempre torci pelo Emanuel, para que vocês ficassem juntos mas ele não quis. Você precisa entender isso. Apesar de até eu me confundir e achar que ele um dia a amou...ele não amava! Se amasse estaria aqui do seu lado". dizia Carlinha. Ela era sempre muito pontual no que dizia, ia direto ao assunto.
-"Mas Carla, eu não acredito que eu tenha me enganado tanto!", defendia Nina.(seu temperamento não era muito inclinado à desconfianças).
-"Ahhhh é SIM, querida. Você acredita nas pessoas, sendo assim, te enganar não é lá´muito difícil."
-"Mas você também achou!"
-"Tá. Achei. Mas não acho mais! Vira a página, Nina!"
-"Eu virei! O que você acha que estou fazendo com o Paulo?"
-"Sinceramente? Se enganando! Decida esquecer o Emanuel de vez! Pare de esperar que ele reapareça!"

Do outro lado da história também havia um conflito, mas um conflito entre Emanuel e ele mesmo.
Ele levava sua vida normalmente,trabalho, amigos, 'curtições', 'pegações'... mas sempre pensava em como iria encontrá-la. Já tinha procurado pelo endereço do remetente da carta, mas Nina nunca estava.
(ela havia trancado o apartamento,e ido passar uns tempos na casa de Carla...pra não ficar sozinha durante a gestação. Já que, por mais que gostasse de Paulo, fugia da idéia de se casar com ele, pois assim anulariam as chances de viver com Emanuel)
O problema é que ele não era muito acostumado a lutar por alguém. Em toda sua vida, quando chegavam os desentendimentos ele simplesmente dava um basta, sendo assim nunca superava os pequenos problemas de convivência/ relacionamento. E sempre pensou que "mulher tem de sobra!"


(continua...)

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