terça-feira, 27 de outubro de 2009

Recipiente.


Às vezes tenho a impressão de quem minha alma é concreta, os sentimentos palpáveis e o meu coração é o recipiente que, embora pequeno, cabe infindáveis emoções.

Nessa minha percepção ilógica, o medo é um objeto de metal cheio de pontas e à medida que tento arrancá-lo, ele vai girando e ficando uma ponta após outra no coração de carne, ferindo-o. Apesar de deixar feridas (que logo serão apenas cicatrizes), ele caminha em direção à saída e essas feridas (eu sei) não passarão de lembranças.
No recipiente encontram-se também bolinhas coloridas e leves que de acordo com o movimento da vida, elas se deslocam, se sobressaindo ainda mais. No meu coração, elas estão sempre presentes, sejam cheias ou um pouco murchas. Essas bolinhas são a alegria.
De vez em quando, entre os vários objetos, sobram pequenos espaços vazios. Esses espaços são... a saudade. Esta é a única que é abstrata, e ela logo é preenchida com “a água”.

Calma! Água não virou sentimento. Mas na minha visão, esse sentimento que se encaixa mesmo o recipiente estando cheio....esse sentimento puro e transparente que refrigera, sacia, acalma, bagunça às vezes, e por mais que ele já esteja transbordando, cabe sempre mais, chegando a contagiar todos à volta.[...] Esse líquido que cura as feridas deixadas pelos demais sentimentos “de pontas”, eleva as bolinhas à superfície, rega o vazio e lava....é o amor.

Seja ele qual for (paternal, maternal, amistoso ou romântico), o amor têm em sua essência o Divino, o sobrenatural, o perfeito. Por isso tem todo esse poder.




Escrito por Rê Marra no dia 28/06/2005 às 13h30

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